As investigações à corrupção e subornos na Petrobras podem estender-se às atividades internacionais da maior empresa brasileira, que opera em 24 países e cinco continentes, noticiou a revista Valor Económico, sem citar quaisquer fontes.

De acordo com a revista brasileira, as investigações aos subornos e corrupção na Petrobras devem ser alargadas às atividades no estrangeiro e às áreas petroquímicas, nomeadamente a BR Distribuidora e a Transpetro, bem como o departamento de comunicação.

A revista, que não cita fontes para esta informação, explica que terão sido os testemunhos dos administradores Eduardo Leite e Dalton Avancini, da cimenteira Camargo Correa (empresa que é dona da Cimpor), a desencadear esta intenção das autoridades que investigam o maior escândalo de corrupção no Brasil até à data, e que já originou várias prisões e demissões entre as mais importantes figuras políticas do país.

A notícia da possibilidade de alargar a investigação à atuação da empresa noutros países onde opera, entre os quais se conta a generalidade dos países da América Latina, Portugal, Angola, Reino Unido, Austrália, Índia e Estados Unidos, num total de 24 países em cinco continentes, surge num contexto de degradação das avaliação que as agências de rating fazem da empresa e de ramificações políticas ao mais alto nível, além de uma crise económica que deverá colocar o país em recessão este ano.

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Na quinta-feira, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT, da Presidente Dilma Rousseff), João Vaccari Neto, foi detido em São Paulo, por suspeita de envolvimento nos casos de corrupção na Petrobras. Vaccari foi acusado por ex-dirigentes da petrolífera, que fizeram um acordo com a Justiça, de receber subornos para financiar campanhas políticas do partido, incluindo a que antecedeu o primeiro mandato de Rousseff, em 2010.

A prisão do tesoureiro do PT faz parte da nova etapa da operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga desde março de 2014 supostos crimes de corrupção, branqueamento de capitais, associação criminosa e pagamentos de subornos na Petrobras, abrangendo também a ação dos administradores da petrolífera e de construtoras e políticos.

Nas últimas semanas, o Brasil tem sido notícia pelas dificuldades do Governo em conseguir distanciar-se do escândalo financeiro e de corrupção da Petrobras, que atinge antigos administradores e políticos de topo, alguns ligados ao partido que suporta o executivo, e que motivou uma investigação judicial de alto nível.

O efeito nos mercados internacionais não se fez esperar, com o rating do Brasil e da Petrobras a ser revisto em baixa, e com os investidores e exigirem juros proibitivos para emprestar quer ao país, quer à Petrobras, que se viu obrigada a pedir um empréstimo à China.

Além disto, o Governo tem enfrentado crescente contestação popular, sendo frequentes e bastante significativas as manifestações que defendem a saída da Presidente brasileira, que nunca teve uma taxa de aprovação tão baixa, segundo as sondagens publicadas nos principais jornais locais.

Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional, no World Economic Outlook, reviu em baixa a previsão de recessão para este ano, considerando que a economia vai contrair-se 1% e crescer 1% no ano seguinte.

A degradação do panorama económico no Brasil é bem visível pela revisão em baixa das perspetivas económicas, que passaram de um crescimento de 1,5%, previsto em outubro do ano passado na segunda edição anual do WEO, para uma recessão de 1% prevista agora em abril, na primeira edição de 2015 do relatório.