O antigo vice-presidente da FIFA Jack Warner afirmou na quarta-feira que possui documentos que provam a implicação da Federação Internacional de Futebol nas eleições legislativas de Trindade e Tobago, o seu país, em 2010.

“Compilei uma série de documentos que mostram uma ligação entre a FIFA, o seu financiamento, e o Congresso Nacional Unido [United National Congress – UPC]”, disse Warner, um dos implicados no escândalo de corrupção que abala o organismo máximo do futebol, em declarações à TV6, um canal de Trindade e Tobago.

Sem especificar, Warner acrescentou que esses documentos mostram “transações internacionais no seio da FIFA, incluindo [do] seu presidente, Sepp Blatter, bem como outras questões implicando o atual primeiro-ministro” do país.

“Esses documentos, entre os quais cheques e declarações concordantes, foram confiados a diversas pessoas”, disse o ex-dirigente da FIFA, que é acusado pela justiça dos Estados Unidos de pagamentos ilegais, corrupção, extorsão e branqueamento de capitais e que desde quarta-feira está na lista dos mais procurados pela Interpol.

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Antigo presidente da CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), Warner disse que também tem razões para temer pela vida.

“Decidi que não ia continuar a guardar segredos em benefício de pessoas que agora procuram ativamente destruir este país, a sua imagem no estrangeiro e o seu destino”, sublinhou Warner. “Não tenho a intenção de lhes permitir que me privem da minha liberdade”, acrescentou.

Nas eleições legislativas de 2010, o UPC, encabeçando uma coligação, ganhou 59,81% dos votos, contra os 39,5% do partido do então primeiro-ministro, Patrick Manning. Kamla Persad-Bissessar, líder do UPC, foi nomeado primeiro-ministro após as eleições e continua a ocupar o cargo, enquanto Warner, eleito deputado pelo UPC, ocupou depois vários cargos ministeriais, antes de se demitir em 2013 e lançar o seu próprio partido de oposição, o Partido Liberal Independente.

“Já não é possível fazer marcha atrás”, concluiu Warner, que é acusado, entre outras coias, de ter recebido 10 milhões de dólares em troca de três votos a favor da candidatura da áfrica dos Sul à organização do Mundial de 2010.