O modo como se senta não determina só as dores de costas que tem ao final de um dia. Pode também dar-lhe pistas sobre os seus traços de personalidade. E isso envolve também o estado da sua vida sexual.

Um grupo de cientistas americanos provou esta relação ao analisar cem pessoas entre os treze e os 82 anos. Os investigadores aperceberam-se de que pessoas com posturas ideais, com lordose (curvatura excessiva da coluna para dentro) ou corcundas eram mais extrovertidas. Mas indivíduos com síndrome das costas retas (parte inferior da coluna mais achatada) são mais introvertidos.

De acordo com a PLOS One, onde o estudo foi publicado, a amostra foi recolhida tendo em conta “o perfil de personalidade e as características biomecânicas”. A triagem referente ao primeiro aspeto foi conseguido com testes que estudaram os desvios na postura, enquanto a personalidade foi estudada um questionário chamado Indicador do Tipo Myers-Briggs. Depois os cientistas foram em busca de uma relação entre os dois aspetos. E encontraram-na.

Estes resultados confirmam as palavras de Maryam Varela, especialista em Inteligência Emocial. Ao El País, a autora do livro “O mundo das Emoções e da Paixão” indica que “o nosso corpo é consequente consigo mesmo. Se tens uma boa postura, influencias os teus próprios pensamentos e emoções, confias em ti mesmo e nas tuas capacidades”.

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E isso chega ao mundo da sexualidade? Amy Cuddy, psicóloga social e professora na Universidade de Harvard, sugere que sim num discurso que protagonizou nas conferências TED. A psicóloga explicou que a linguagem corporal afeta a forma como os outros olham para nós, o que torna possível que adotemos uma postura mais interessante a terceiros.

Amy Cuddy chama de “pose de poder” às posturas que normalmente associamos a pessoas poderosas e influenciáveis. Normalmente, essas poses incluem uma maior descontração dos braços, que normalmente estão abertos. Mas através dos estudos sobre linguagem não verbal, a psicóloga provou que manter essas poses muda também a química do corpo.

Num teste explicado pela Business Insider, Amy Cuddy pediu a pessoas que assumissem:

1 — posições de poder como braços cruzados atrás da cabeça, punhos sobre a mesa ou com o indivíduo de pé e mãos na cintura;

2 — posições mais submissas, como colocar os joelhos no peito, abraçarem-se a eles próprios ou cruzar os braços sobre o peito.

Apenas dois minutos numa posição de poder foram suficientes para aumentar a “tolerância ao risco”. Isto aconteceu porque os níveis de testosterona aumentaram 20% durante esses mesmos dois minutos.

Nos casos em que as pessoas permaneceram em poses menos confiantes, a quantidade de testosterona em circulação diminuiu cerca de 10%.

O cortisol foi outra hormona que sofreu mudanças: em poses de poder, esse químico diminuiu, enquanto a concentração aumentou em poses não confiantes.

Ora, de acordo com o discurso de Amy Cuddy na conferência TED, a relação hormonal presente nas pessoas com pose de poder “pode ser benéfico para quem está em busca de aumentar o seu desejo sexual”: é que o cortisol quando diminui permite um maior relaxamento e a testosterona quando aumenta otimiza a resposta sexual masculina.

Uma outra pesquisa nesta área diz respeito à relação entre a postura e os níveis de energia do corpo humano. Ao estudar 110 pessoas, os cientistas da Associação para Psicofisiologia Aplicada e Biofeedback descobriram que aqueles que mantinham uma postura arqueada – costas para a frente, cabeça cabisbaixa – eram também aqueles que tinham maior tendência para a depressão. Além disso, mostraram ter menos sentido de humor.

Da personalidade para as emoções, passando pela sexualidade e pelos comportamentos, a influência da postura não acaba aqui: uma investigação da Universidade do Indiana mostrou que a forma como nos posicionamos influencia a capacidade de absorção de conhecimentos e de memórias a longo prazo. E, de acordo com a informação publicada na PLOS One, isso é particularmente importante para as crianças acabadas de entrar na escola.