António de Oliveira Salazar tomava café de cevada e uma torrada de pão seco ao pequeno-almoço. Às refeições, o prato favorito era sardinha na brasa com feijão, um gosto que trazia já desde a infância. É o que desvenda o livro “Dictator’s Dinners. A Bad Taste Guide to Entertaining Tyrants”, escrito pelas britânicas Victoria Clark e Melissa Scott para mostrar que as pessoas são realmente o que comem. Para isso entraram nas cozinhas de 26 antigos chefes de estado do que governaram em regime ditatorial.

Foi assim que descobriram que Mussolini detestava esparguete e adorava comer saladas com alho cru, azeite e limão. Dispensava qualquer alimento que tivesse trigo, carne e vinho. Explicação: “Tinha problemas de estômago”, explicam as duas autoras.

Saddam Hussein comia azeitonas pelo gosto de cuspir os caroços “como um dia cuspiria os israelitas do Médio Oriente”. Mais um hábito excêntrico do ditador do Iraque: todos os dias lhe preparavam a mesma refeição nas doze residências porque não se saberia (por razões de segurança) em qual delas é que Saddam Hussein estaria à hora de jantar.

Hitler não escapou à investigação: pelos vistos, o ditador alemão não era tão vegetariano como se dizia ser. Mesmo inspirado pelos ideais de Richard Wagner – que defendia que o hábito de comer carne só tinha entrado na Alemanha por influência judia – Adolf Hitler não resistia a uns bons nacos de carne de vez em quando. Já o líbio Gadafi perdia-se por um cuscus com carne de camelo.

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A ideia de Victoria Clark e Melissa Scott surgiu enquanto as duas escritoras discutiam questões da atualidade internacional. “A ideia apareceu-nos e decidimos concretizá-la de imediato”, explicam ao El País. Foi assim que decidiram lançar o livro com as receitas mais apreciadas pelos chefes de estado ditadores mais ilustres da História.

Outro dos homens estudados foi Fidel Castro. Descobriram que o ex-presidente cubano tem regras estritas para cozinhar a lagosta: onze minutos no forno ou seis na brasa. No final, um toque de manteiga, alho e limão. Outro fascínio de Fidel Castro era o whisky, que o cubano tentava produzir. E investia milhões de pesos na atividade.

Outro nome que não podia falhar é o de Kim Jong-Il: o ex-líder da Coreia do Norte levava o chef que o servia por viagens em todo o mundo para que aprendesse as técnicas gastronómicas de outras culturas. Era assim que podia degustar caviar, salsichas e arroz com os sabores que mais lhe agradavam. E isso incluía obrigar mulheres a escolher grãos de arroz com o mesmo tamanho.

É de África que chegam algumas histórias mais bizarras, admitem Victoria Clark e Melissa Scott. Contam-nas como  histórias porque não foram capazes de verificar a veracidade da informação. Idi Amin (Uganda) e Jean Bedel (Bocassa) teriam o hábito de comer carne humana. Na América Latina, algumas lendas dizem que os antigos ditadores bebiam sangue de crianças para se manterem jovens.