Este é um cenário a que o fotógrafo Sudharak Olwe já se habituou. Vive há 25 anos em Bombaim, uma das maiores e mais importantes cidades da Índia, e desde então que documenta “as mudanças e aflições na sociedade indiana ao longo dos anos”, explica ele ao Observador.

Esta é uma dessas realidades: 30 mil trabalhadores dos esgotos indianos submetem-se a condições deploráveis na tentativa de limpar as cidades do país. A maior parte faz parte da casta hindu de Dalit, que nas escrituras mais antigas eram adjetivados de “intocáveis”. Hoje varrem as ruas da Índia, recolhem e separam o lixo, mergulham (em alguns casos literalmente) nas descargas domésticas. São essencialmente os homens que trabalham neste meio, mas se um deles morrer é a mulher que herda o seu posto.

Encontram animais mortos, desperdícios vindos dos hospitais, pedaços de madeira ou vidro, pedras e facas ou lâminas. E depois agarram em todo este lixo com as próprias mãos, porque os materiais ao seu dispor são muito primitivos.

Ficam com marcas em todo o corpo, mas não recebem quase nada em troca. No local de trabalho não têm um sítio para comer longe da imundice nem para tomar um duche nas pausas. Dão-lhes uma pequena casa, muitas vezes repartida por várias famílias. O espaço de cada uma é determinado por uma linha desenhada no chão.

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Este é apenas um dos mundos onde o fotógrafo Sudharak Olwe já entrou para o eternizar. Depois de trabalhar como fotojornalista, decidiu dedicar-se a mostrar a realidade da Índia. Entre as imagens que já capturou estão temas como o papel da mulher nas tribos indianas, a prostituição e a vida dos doentes de SIDA no país.

Conhece como a palma da sua mão o lado menos colorido da Índia e isso já lhe valeu a participação em vários documentários e muitos prémios de fotografias. “A linguagem da minha fotografia é a empatia”, diz ele ao Observador.

Texto editado por Filomena Martins