Usar o corpo como arte. Não é uma novidade, mas as performances artísticas da britânica Poppy Jackson são diferentes, pelo arrojo. Nas suas duas últimas apresentações, no começo de novembro, a artista passou quatro horas sentadas em cima do telhado do prédio dos estúdios Toynbee, em Londres, segura apenas por um arnês. As performances aconteceram em dois dias consecutivos, no contexto do festival de arte performática Spill, e a artista apenas interrompeu as exibições durante alguns momentos, para descansar.

Poppy Jackson intitulou as performances de “Site” (literalmente, “local”, em inglês). A iniciativa faz parte de um projeto mais vasto da artista chamado “Re-Presentation: The Female Body as Autonomous Zone”. A matéria-prima do seu trabalho artístico é o seu próprio corpo e as performances em que explora o seu físico como instrumento político são a sua imagem de marca (como pode ver na fotogaleria em cima).

“A minha arte performática levou-me a reconhecer como o corpo é política. Posso fazer muitas coisas e é um veículo incrível para dizer algo sobre o estado da sociedade — como toda a gente tem um corpo, então as pessoas podem relacionar-se, de alguma forma”, disse Poppy Jackson sobre a sua arte ao site Dazed.

O objetivo de Poppy Jackson é refletir sobre as representações do corpo feminino, as construções sociais a ele associadas e o seu lugar no espaço, pode ler-se no seu site. Veja aqui o vídeo da última performance da artista. 

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“É lindo, inquietante e perturbador”, escreveu Lyn Gardner, no Guardian, sobre a performance de Poppy Jackson. “Através dos telhados e paredes de tijolo vermelho daquela esquina de East London, Jackson senta-se calmamente, digna e escultural,” disse Lewis Church no East End Review.

No entanto, nem todos partilham da mesma opinião. O ato artístico gerou alguma confusão entre os transeuntes, que rapidamente partilharam imagens da performance na rede social Twitter com a hashtag #nakedwomanomroof. As manifestações de escárnio, apoio e repúdio chegaram a igual velocidade, nomeadamente depois da divulgação da performance pelos tablóides. Para Poppy Jackson, nada disto é novidade — para ela, a controvérsia não está separada da arte.