Foco em métricas desde o início – mas não demasiadas -, um olhar atento sobre a validação do mercado e uma cultura fiel àquilo que é a personalidade da equipa fundadora. O sucesso de uma startup passa não por três, mas por todos os ingredientes necessários para passar do zero (clientes, resultados ou investimento) a centenas, milhares ou milhões. Palavras de ordem: taxa de retenção.

“A retenção é um indicador muito honesto. Primeiro, precisas de saber quantos utilizadores reténs [com o teu produto ou serviço], depois podes focar-te em crescer”, afirmou Felix Petersen, investidor na capital de risco Faber Ventures.

A discussão foi lançada durante o Fast Track Lisbon, o evento onde a associação para a promoção do empreendedorismo, Beta-i, apresentou as startups que participaram nos programas de aceleração Lisbon Challenge e Beta Start. As respostas vieram de Andy Carvell (responsável de Growth da Soundcloud), Celso Martinho (fundador do Sapo), Fred Oliveira (engenheiro e gestor de produto na norte-americana 1776) e Felix Petersen.

“No início, podes estar tão focado na ideia de negócio, que te esqueces de validá-la no mercado. Porque é fácil acreditar que toda a gente vai adorar o que estás a fazer e esqueces-te de que é preciso validar esse produto. Mas isso não pode acontecer”, afirmou Andy Carvell. Fred Oliveira concorda. “Validar o conceito, ter um feedback dos utilizadores é crucial”, disse. E acrescentou que é igualmente fácil que um fundador esteja tão focado no que está a fazer que se esquece de perguntar ao mercado o que é que o mercado quer. E que é este que deve ser ouvido.

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“Ajuda se, antes de avançares, te sentares com a tua equipa e definires os objetivos quantitativos. Estabeleces as metas que tens de atingir para aquele período de tempo, em termos de faturação, de taxa de retenção, etc. É importante definires o que queres atingir para puderes passar para o próximo nível, como angariar investimento”, afirmou Felix Petersen.

O fundador do Sapo, Celso Martinho, chamou a atenção dos empreendedores para a importância da cultura da empresa, que é algo que deve crescer à medida que também se apuram procedimentos. O investidor da Faber Ventures acrescenta que é importante que a cultura se mantenha fiel àquilo que é a personalidade da equipa original. “Não podes implementar uma cultura que não está alinhada com aquilo que é a tua personalidade e a da tua equipa”, referiu.

“É preciso ter uma cultura de celebração, em que se celebram as conquistas. E isso é algo que tem de vir do coração, do fundador. Não é algo que se possa construir”, acrescentou Andy Carvell.

As métricas são importantes, mas é preciso selecioná-las e saber comunicá-las. Felix Petersen destaca três, crescimento, faturação e retenção. E depois é preciso “suportar os objetivos” que foram traçados, explica. Celso Martinho destaca outras histórias: as daqueles que não conseguem ter sucesso. “Aprendes muito mais com as histórias de falhanços do que com as histórias de sucesso”, referiu.