A 2.ª Circular vai mudar. Redução de velocidade (de 80 para 60 km/h), uma maior interação com as redes da mobilidade suave, peões e bicicletas, “mais árvores e superfícies vivas”, um separador central plantado de 3.5 metros e a canalização do trânsito para outras vias. Tudo isto consta do projeto da intervenção da 2.ª Circular, elaborado pela TIS, disponibilizado pela CM de Lisboa. Sugestões e ideias são aceites até 15 de janeiro.

Vamos por partes. A 2.ª Circular tem 10,1 quilómetros de extensão e 31 acessos por sentido, sendo a soma de três avenidas urbanas: Avenida Eusébio da Silva Ferreira, entre o início do IC19 e o acesso da Estrada da Luz; Avenida General Norton de Matos, entre o acesso da Estrada da Luz e o viaduto do Campo Grande; Avenida Marechal Craveiro Lopes, entre o viaduto do Campo Grande e a rotunda da Encarnação.

“No âmbito do processo de requalificação está atualmente em avaliação a transformação da 2ª Circular numa Via Estruturante Urbana da cidade, perdendo definitivamente as funções de âmbito regional que desempenhou até agora. Esta alteração decorre e torna-se possível devido ao fecho da CRIL e do Eixo Norte-Sul”, pode ler-se no projeto. Os objetivos desta requalificação, diz o mesmo documento, passam por aumentar a capacidade da 2.ª Circular, melhorar as condições de segurança e de circulação, mitigar o efeito de barreira que atualmente desempenha e reduzir os impactes ambientais.

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A 2.ª Circular, quanto ao volume de tráfego, equipara-se a outras vias importantes como IC19, Ponte 25 de Abril e A5, a autoestrada que junta Cascais a Lisboa. “Por outro lado, percebe-se também que o eixo da 2ª Circular constitui, na prática, uma “continuação física” do IC19 e, em grande parte, do Eixo Norte-Sul”, explica o documento. Mais: o troço mais preocupante da 2.ª Circular é aquele que conecta o nó da CRIL/IC19 e a Radial de Benfica, que conta com 150 mil veículos por dia, em ambos os sentidos. Já a ligação entre a Azinhaga das Galhardas e a Rotunda do Relógio apresenta volumes de tráfego muito próximos dos 130 mil veículos por dia, igualmente em ambos os sentidos.

Quanto à big picture, o tráfego médio diário anual da 2.ª Circula regista 105 mil veículos por dia, em ambos os sentidos, a uma velocidade média, em hora de ponta, de 45,7 km/h. As alterações visam o aumento da velocidade média em hora de ponta e a diminuição do rácio volume/capacidade da via. Relativamente à velocidade, detetar-se-á um aumento pouco significativo de 45,7 para 47,1 km/h. Quanto ao rácio volume/capacidade será obtido, diz o documento, uma redução de 92% para 74%.

As alterações na 2.ª Circular

Nó Colombo/Estádio Luz (I) – Nó Colombo/Estádio Luz (II)
Ponto crítico: Entrecruzamento com cerca de 150 metros entre a entrada a partir da Av. Condes de Carnide e a saída para a Av. Lusíada (sentido Poente)
Intervenção: Eliminação do acesso da Av. Condes de Carnide à 2ª Circular (sentido Poente)

Nó Azinhaga das Galhardas/Nó Campo Grande
Ponto crítico: Entrecruzamento com cerca de 320 metros entre a entrada a partir da Azinhaga das Galhardas e a saída para o Campo Grande (sentido Nascente)
Intervenção: Eliminação do acesso da Azinhaga das Galhardas à 2ª Circular (sentido Nascente), apenas após a reformulação da ligação da Av. Lusíada ao Eixo Norte-Sul (sentido Sete Rios – Telheiras)

Nó Campo Grande
Ponto crítico: Entrecruzamento com cerca de 125 metros entre a entrada a partir do Campo Grande e a saída para a Av. Padre Cruz em direção ao Campo Grande (sentido Poente)
Intervenção: Eliminação do acesso da 2ª Circular à Av. Padre Cruz em direção ao Campo Grande, com antecipação deste movimento para a saída junto ao Colégio de Santa Doroteia, e construção de um ramo de acesso direto à Av. Padre Cruz (sentido Poente)

A CM de Lisboa informa também que pretende tornar esta uma via “de caráter mais urbano”. Serão também colocadas em marcha alterações ao nível dos sistemas de drenagem e de paisagismo. “Com estas alterações, prevê-se a melhoria das condições de segurança e de circulação nesta via, ao mesmo tempo que se mitiga o efeito de barreira que hoje se verifica, assim como se reduzem os impactes ambientais da mesma”, pode ler-se no documento.

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Realidade vs. Projeto

Colocadas estas alterações em prática e caso os números batam certo, a 2.ª Circular registaria uma redução de 19% ao nível do tráfego médio diário. O decréscimo na zona do Aeroporto atingiria os 25%, enquanto em termos absolutos o sublanço mais beneficiado se situaria entre a Azinhaga das Galhardas e o Campo Grande, com uma redução na ordem dos 26.000 veículos/dia nos dois sentidos.

Há algo irremediável: se se destapa de um lado, tapam-se outros. A 2.ª Circular registaria os tais 19% de redução, o que significa que seria espalhado o mal pelas outras aldeias: CRIL/IC17 (+10.3%), Eixo Norte-Sul (+3,9%), Av. Infante D. Henrique (+6.5%), Avenida Marechal António de Spínola (+14,6%) e Radial de Benfica (+3,8%).

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À TSF, esta manhã, Fernando Medina, o presidente da CM de Lisboa, admitiu que estas alterações visam melhorar a fluidez do trânsito e garantir mais segurança na 2.ª Circular, uma via que registou 6.900 acidentes (55 mortos e 250 feridos graves) nos últimos três anos. A autarquia informa que as obras serão desenvolvidas à noite, não havendo assim corte de faixas durante o dia.

Medina disse ainda, no Fórum da TSF desta terça-feira, que será construída uma ligação direta à Avenida Padre Cruz, no Campo Grande. O presidente da câmara mencionou ainda que a autarquia pretende alterações nos acessos ao IC19, A1 e à zona do Aeroporto de Lisboa. A meta, garante, é canalizar o trânsito para a CRIL, via essa que nas previsões do projeto terá um aumento de 10,3% de tráfego médio.

As obras de requalificação da 2ª Circular terão uma duração de 11 meses e um custo global estimado de 9,75 milhões de euros.

Veja as principais mudanças na fotogaleria em cima.