Levantamo-nos, lavamos a cara, bebemos café, sentamo-nos na cama a pensar no que é que vamos vestir, tomamos banho, saímos de casa, demoramos uma hora no trânsito, passamos oito horas sentados a trabalhar, corremos para o ginásio, voltamos para casa e parece milagre quando, finalmente, regressamos para a cama. O que é que existe em comum nesta equação? Fazemos tudo em piloto automático. E muita coisa acontece ao nosso corpo entre o momento em que nos levantamos da cama meio ensonados a resmungar com o despertador e a hora em que chegamos, ao fim do dia, e nos deitamos no sofá a fazer zapping.

Um vídeo publicado pela AsapScience, um famoso canal no YouTube que explica a ciência de forma prática e já tem quatro milhões de seguidores, mostra que o nosso corpo passa por diversas transformações ao longo do dia e que tudo aquilo que fazemos afeta o nosso sono, cérebro, coração, olhos e outros órgãos mas também a nossa energia, capacidade de atenção e até o desejo sexual. Se anda de sol a sol em piloto automático, saiba tudo o que anda a fazer ao seu corpo.

O nosso corpo de manhã à noite

  • A primeira coisa que faz quando acorda é beber café? Faz mal. Quem o explica é Leigh Weingus, especialista em vida saudável, ao Huffington Post. Quando acordamos, o cortisol — a hormona do stress mas também responsável por nos acordar — está a ser bombeado através da corrente sanguínea. Apenas uma hora depois é que abranda e podemos retirar melhores benefícios do café.
  • Duas a quatro horas depois de acordar é quando o seu estado mental está no auge. Weingus explica que a memória é afetada ao longo do dia: de manhã esquecemos uma média de cinco factos e, à tarde, esse número passa para mais de 14. Todas aquelas coisas que guarda e depois não sabe onde colocou não são sinal de Alzheimer — é apenas cansaço.
  • A meio da tarde, é normal sentir uma quebra na energia e há uma explicação científica para isso: depois do almoço, o nosso corpo tem um pico de insulina que acaba por extrair mais glicose do sangue e isso faz com que nos sintamos sonolentos.
  • Embora não seja realista, o ginásio ao início ou ao fim do dia não é a melhor ideia. Aparentemente, a melhor hora para fazer exercício, correr ou andar de bicicleta é por volta das 16h30 — a temperatura corporal está no seu pico e pode ganhar mais 20 por cento de força muscular.
  • A happy-hour não se chama assim por acontecer depois do dia de trabalho (embora também seja um momento feliz para todos nós). Segundo a ciência, o nosso corpo é mais tolerante aos efeitos do álcool por volta das seis da tarde.
  • Se acha que a melhor hora para o sexo é à noite, não é que esteja enganado mas devia tirar partido dele noutras alturas do dia. Os níveis de testosterona são, na verdade, mais baixos ao fim do dia mas atingem o seu pico pelas oito da manhã.
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Ilustração: Boonyen/iStock

O que acontece aos nossos órgãos

Um artigo da revista Marie Claire americana analisou o que acontece aos nossos órgãos durante um dia de trabalho e o “raio-x.” deixa-nos com a impressão de que, eventualmente, deveríamos parar de agir em piloto automático e pensar mais em nós próprios.

  • Olhos: Dores de cabeça, tensão ocular, visão embaçada e secura são consequências de passar horas e horas a olhar para o ecrã do computador. O ideal seria obrigar-se a piscar os olhos frequentemente e fazer pausas de 20 segundos a cada 20 minutos/meia hora, olhando para o horizonte (para o fundo da sala ou para a janela, por exemplo) porque enquanto olha para o ecrã tem a visão forçada num ponto próximo.
  • Costas: O grande problema da geração que passa horas sentadas é que ter a coluna curvada faz com que os pulmões não se consigam expandir na sua totalidade. E menos oxigénio significa menos concentração, sem se aperceber. Não há nada como uma caminhada pelo escritório de tempos em tempos e uma espreguiçadela. Sim, mesmo parecendo pouco profissional, espreguice-se, respire fundo e abra os pulmões.
  • Ouvidos: A hora que passa nos transportes a ouvir música com os auriculares do iPhone nos ouvidos ou em que vai no carro com o volume no máximo para se distrair podem causar mais danos do que imagina. E bastam oito minutos. Como não queremos dizer para deixar de ouvir música, porque a música é um bálsamo para a alma, tente ter alguma moderação no volume e troque os seus auriculares por auscultadores normais.
  • Coração: Muitos estudos dizem que existe uma relação entre passarmos horas sentados e doenças de coração, bem como pressão sanguínea elevada e colesterol alto. O mesmo se pode dizer dos quatro ou cinco cafés que bebe por dia.
  • Cérebro: Os especialistas são unânimes — estamos mesmo a ficar mais burros. Há quanto tempo não escreve nada à mão? Pois… as horas, dias, meses e anos a escrever ao computador prejudicam a formação de memória. Deveria tentar, sempre que possível, escrever à mão ao invés de deixar notas no iPhone.

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