A Associação Empresarial de Portugal (AEP) quer reunir em julho “um número significativo” de empresas portuguesas na Feira Internacional de Luanda (FILDA) porque o mercado angolano “continua a ser uma prioridade” da qual “não faz sentido desistir”.

“Angola continua a ser uma prioridade para centenas de PME [Pequenas e Médias Empresas] portuguesas que nos últimos anos iniciaram por aquele país de língua portuguesa o seu processo de internacionalização e agora não faz sentido que desistam!”, afirma o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, citado num comunicado da associação.

Na sequência de um acordo estabelecido recentemente com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), vai ser a AEP a responsabilizar-se pela organização do pavilhão português na edição deste ano da FILDA, considerada “a maior feira de negócios de Angola” e que decorrerá em Luanda entre 19 e 24 de julho.

Como resultado, a associação destaca que as empresas interessadas em participar na feira poderão beneficiar de um cofinanciamento público que pode cobrir 50% dos custos elegíveis, a assegurar por fundos do Portugal 2020.

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Segundo Nunes de Almeida, o que se pretende da participação coletiva portuguesa nesta 33.ª edição do certame é “que seja o espelho do saber-fazer dos setores transacionáveis da economia e da qualidade e modernidade da atual oferta nacional, a começar pelos produtos e serviços das mais de 9.400 empresas portuguesas que exportam para Angola”.

Isto porque, salienta o dirigente associativo, apesar de atravessar uma “conjuntura económica de menor fulgor económico”, Angola “continua a ter um PIB [Produto Interno Bruto] a crescer” e apresenta “oportunidades para as empresas portuguesas em quase todos os setores”.

Paulo Nunes de Almeida diz “estar a pensar, sobretudo, nas empresas que queiram estabelecer-se diretamente” e naquelas que apostem em “parcerias com investidores locais” em projetos nas áreas da construção e infraestruturas, ambiente e energia, agroalimentar, saúde, turismo e exploração mineira.

É que, destaca, Angola tem desde há sete meses em vigor uma nova lei do investimento privado no âmbito da qual “vem apostando na captação de investidores e parceiros estrangeiros para as empresas angolanas, uma das tarefas prioritárias da recém-criada APIEX – Agência para a Promoção do Investimento e Exportações de Angola”.

“Além destas medidas, o Governo do presidente José Eduardo dos Santos está a introduzir várias reformas na estrutura económica do país e lançou, em outubro passado, o projeto Luanda 2030 — Cidade Inovadora, no âmbito da execução do Plano Diretor Geral Metropolitano de Luanda, que prevê dotar a capital angolana de condições para acolher 12,9 milhões de habitantes em 2030”, sustenta.

“Até lá — acrescenta – serão construídos 13 novos hospitais e 1.500 escolas, ao mesmo tempo que irão ser realizados avultados investimentos em habitação social, ambiente e mobilidade urbana, com a melhoria de 446 quilómetros de estradas primárias e 676 quilómetros de vias secundárias, a criação de 142 quilómetros de corredores reservados exclusivamente a transportes públicos e a abertura de 210 quilómetros para circulação de um comboio suburbano”.

De acordo com os dados avançados pela associação, em 2015 o mercado angolano foi o destino de 4,7% do total das exportações portuguesas de bens e serviços, que atingiram “o valor recorde” de 74,1 mil milhões de euros, o que faz de Angola “o sexto maior cliente das empresas portuguesas no estrangeiro e o segundo extracomunitário, logo atrás dos EUA”.

Entre 2010 e 2014, as exportações de bens e serviços portugueses para o mercado angolano registaram aumentos médios anuais da ordem dos 15%, enquanto a taxa de variação média anual das importações foi de 36,1%.

Embora admitindo que “estes números parecem inatingíveis no imediato”, Nunes de Almeida acredita que “a médio prazo poderão voltar a caracterizar o relacionamento económico entre os dois países”: “Basta que as empresas portuguesas arrisquem e não desistam de Angola. Porque, para além da cultura e da nossa história comum, Angola e os angolanos gostam do ‘made in’ Portugal”, sublinha.