O social-democrata Nuno Morais Sarmento considera que a condenação moral em Portugal da sentença de prisão efetiva atribuída aos 17 ativistas em Angola foi “desproporcionada”. “Não percebo este nosso ‘encucanço’, esta nossa pretensa autoridade moral para opinarmos sobre esse país quando nos calamos, se for preciso cobardemente, quando o dinheiro é de um país como a China, porque aí nos interessa e não temos tamanho para questionar”, afirmou Morais Sarmento em declarações ao programa Falar Claro da Rádio Renascença.

Morais Sarmento falou sobre as violações de direitos humanos que se registam na China, com quem Portugal também mantém negócios. “Os chineses compram um banco em Portugal, já alguém se preocupou em perguntar de onde vem o dinheiro chinês? E qual é que é o respeito que essa autoridade, neste caso a autoridade do Estado chinês, tem pelos direitos humanos como nós os conhecemos? Nós aí calamo-nos”, afirmou o comentador político.

O social-democrata considera que os portugueses têm um “tonto complexo colonial ao contrário” que requer “autoridade moral sobre aqueles países”, aspeto que diz não perceber.

Sobre a noção de Estado de Direito em África, Morais Sarmento refere que não corresponde à visão europeia e afirma que Portugal não pode “exportar modelos civilizacionais” como se fossem “verdades absolutas”.

O antigo ministro da presidência termina dizendo:”Digo e reafirmo a minha oposição de princípio a condenar quaisquer condenações por delito de opinião. Mas reafirmo também aquilo que me pareceu ser uma desproporcionada visibilidade e emoção que este caso causou face a outras situações que, desde logo em Angola, fomos conhecendo ao longo dos tempos”.

O tribunal de Luanda condenou esta segunda-feira os 17 ativistas angolanos, entre eles Luaty Beirão. As penas de prisão efetiva variam entre os dois anos e três meses e oito anos e seis meses.

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