A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acusou esta quinta-feira todos os seus antecessores na Presidência da República do país de também terem feito “pedaladas fiscais”, procedimento que está na base do processo de destituição que enfrenta.

O meu ‘impeachment’ [destituição] baseado nisso [‘pedaladas fiscais’] significaria que todos os governos anteriores ao meu teriam de ter sofrido ‘impeachment’ porque todos eles, sem exceção, praticaram atos iguais aos que eu pratiquei. E sempre com respaldo legal”, afirmou.

Dilma Rousseff, que falava numa cerimónia em Brasília com artistas contra o processo de destituição, argumentou que as “pedaladas” foram necessárias para dar continuidade ao pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

“No ano passado, o governo fez o maior contingenciamento da história. Não há que se falar de flexibilidade fiscal, de irregularidade fiscal ou de crime de responsabilidade fiscal no momento em que o governo fez o maior contingenciamento da história”, disse.

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As “pedaladas fiscais” são atos ilegais resultantes da autorização de adiantamentos de verbas de bancos para os cofres do Governo para melhorar o resultado das contas públicas.

Sobre a crise política que enfrenta o seu governo, Dilma acredita que não se pode “unir o país destilando ódio”.

Temos de lutar para superar esse momento. Temos de lutar para poder voltar a crescer e criar na nossa sociedade um clima de união. Não adianta alguns falarem ‘vamos unir o país’. Não se une o país dessa forma. Não se une o país destilando ódio, rancor, raiva e perseguição. Não se pode fazer isso”, sublinhou, sem referir nomes.

No seu discurso, Dilma fez referência ao Golpe de Estado no Brasil em 1964, quando o presidente democraticamente eleito João Goulart foi destituído, dando início à ditadura militar. O golpe completa 52 anos esta quarta-feira. A presidente criticou as tentativas de derrubar o seu mandato sem um crime de responsabilidade comprovado e ressaltou que golpes podem receber diversos nomes.

“Em 64 foi a forma de intervenção militar. Agora está havendo a ocultação com processos aparentemente democráticos. Se no passado chamaram de revolução, hoje tentam dar um colorido democrático a um golpe que não tem base legal”, defendeu.