Há cerca de ano e meio, Philipp Strootmann largou uma vida como engenheiro agrónomo na Alemanha para se tornar cozinheiro em Lisboa. A opção pode parecer estranha, principalmente porque não falta quem, nos últimos anos, tenha feito o percurso inverso. Ele reconhece-o, ao mesmo tempo que se explica. “Tive de largar a quinta onde trabalhava e como a minha irmã já vivia em Portugal há 20 anos, pensei ‘porque não?'” O sol que bate na esplanada do bar que abriu em fevereiro, O Alemão da Bica, enquanto conversa com o Observador, ajuda a justificar a sua opção.

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O Alemão da Bica ocupa o espaço do antigo Larguinho, na Bica.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Não se pode dizer que tenha sido um salto para o desconhecido. “Já conhecia Lisboa, a primeira vez que cá estive foi durante o Interrail, tinha 17 anos.” Nessa altura, por incrível que pareça, já cozinhava há meia década. “Comecei aos 12, a minha mãe fazia comida tradicional, daquela em grandes doses, com muita manteiga. Aprendi com ela, mas sempre gostei mais de cozinha do mundo.” Depois de uns tempos a trabalhar no recém-defunto Clube Ferroviário, Phillip decidiu abrir o seu próprio espaço. Mas a ideia de servir petiscos alemães, da região da Vestfália — Phillip é natural de Münster, entre Hamburgo e Colónia — não foi imediata. “Quando estávamos a pensar no que fazer, a minha namorada, a Mafalda, sugeriu este conceito.” E pareceu-lhe logo bem. “Temos coisas na nossa cozinha de que é fácil os portugueses gostarem”, afirma.

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Os pretzels em versão petisco (2,50€), para mergulhar no molho da casa à base de queijo quark e ervas. (foto: © Tiago Pais / Observador)

Apesar de tudo, O Alemão da Bica não é um restaurante. “É mais um snack-bar, não podemos ter um menu gigante”, explica o responsável. E as limitações físicas estão à vista, bastará dizer que há mais lugares na esplanada do que no interior. Assim, a oferta não é vasta mas toca em pontos-chave da cozinha daquela região da Alemanha (e não só): do ziguenerschnitzel, que, curiosamente, pode traduzir-se por panado cigano, com pimentos e natas, ao herrencreme, uma sobremesa feita de baunilha, natas, chocolate preto e rum. Também não faltam as típicas salsichas — bratwurst, currywurst ou de Nuremberga, quando as há — nem os pretzels, que podem ser servidos simples ou recheados, com lombo de porco e sauerkraut. E a intenção é continuar a introduzir novos pratos, sejam os spätzle, uma espécie de gnocchi alemães, ou novas salsichas, que Phillip está a tentar arranjar através de um amigo produtor.

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São mais os lugares na esplanada do que no interior d’O Alemão da Bica.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Já no que às bebidas diz respeito, além da aposta lógica em cervejas alemãs, como a Erdinger ou a Köstritzer, n’O Alemão da Bica também têm feito sucesso os cocktails. A ponto de, em certos dias, acabarem a vender “mais cocktails que comida”, como revela João Bilhó, outro dos homens da casa. E não são só as receitas óbvias — que também as fazem — mas outras como o Gin Basil Smash, o Red Snapper ou o Moscow Mule. Para brindar em português, inglês, mandarim ou, claro, em alemão. Prost!

Nome: O Alemão da Bica
Morada: Rua dos Cordoeiros, 2-4 (Bica), Lisboa
Telefone: 21 347 0405 / 91 004 4025
Horário: Domingo, segunda e quarta das 12h30 às 00h. De quinta a sábado, das 12h30 às 02h
Preço Médio: 15€
Reservas: Aceitam