O secretário de Estado da Defesa Marcos Perestrello garante que o ministro Azeredo Lopes “nunca exigiu demissão nenhuma a ninguém” e que “não houve tentativa de ingerência” do Governo no Exército na condução do caso de discriminação sexual do Colégio Militar.

O Chefe do Estado-maior do Exército (CEME) demitiu-se, na sequência deste caso e depois de declarações públicas do ministro da Defesa, mas Marcos Perestrello assegurou, no fórum TSF, que “o que houve foi uma atitude normal de qualquer governante perante a nota pública dada de haver situações de discriminação num estabelecimento de ensino que está sobre a responsabilidade do exército”. “Seria muito estranho que o Governo se tivesse remetido a uma aparente indiferença face a uma questão que surgiu no debate público”, afirma o secretário de Estado garante que o ministro “apenas pediu informação sobre o que tencionava fazer perante uma situação que foi pública”.

Perestrello também diz que o CEME “não reagiu” ao pedido de esclarecimento do ministro, tendo informado Azeredo Lopes pelo telefone da sua intenção de se demitir. E diz que a polémica se trata de “uma tempestade num copo de água”, acrescentando ainda que o sucessor do general Carlos Jerónimo na chefia do Exército será “conhecido em breve. Esperemos que seja um contributo decisivo para pôr uma pedra sobre este assunto.”

Oficias das Forças Armadas não descartam iniciativa de contestação

No mesmo fórum, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas disse que o ministro foi “no mínimo pouco hábil e muito infeliz” na abordagem deste caso, reafirmando as críticas já feitas publicamente. O coronel Pereira Carcel diz mesmo que “não é de descartar uma eventual iniciativa que possa estar relacionada com esta situação” por parte de oficiais das Forças Armadas, não querendo avançar com mais detalhes.

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Vasco Lourenço também falou no fórum da TSF para criticar o ministro da Defesa, cuja “escolha não foi a melhor”. “Encontrou-se uma pessoa que mostra não perceber nada de Forças Armadas e ou ele aprende e começa a ter uma atuação bem melhor ou, provavelmente, a situação irá agravar-se e ele terá de sair”, diz o capitão de abril.

Sobre a demissão do general Carlos Jerónimo, Vasco Lourenço fala em “coluna vertebral” do ex-CEME e que isso aconteceu porque “existe uma grande diferença entre subordinação e subserviência”. E também diz que “o sentimento que existe dos militares em relação ao poder político é muito mau e tem-se vindo a agravar. Este governo podia ter melhorado a situação, a escolha do ministro não foi a melhor”.

Na origem desta polémica está uma reportagem do Observador sobre o Colégio Militar, onde o subdiretor da instituição admite que a homossexualidade é tabu.

Este texto foi alterado às 11h53 para incluir a as declarações do coronel Vasco Lourenço.