A nutrição é essencial para o bom funcionamento do corpo humano e, naturalmente, é uma área a que os desportistas prestam atenção. Mas há uma equipa de futebol que lhe dá particular relevo, garantindo que os seus jogadores mantêm uma dieta saudável e nutritiva, conta o ABC.

No norte da Itália, em Kronplatz, o MilanLab dedica-se à investigação científica direcionada para o futebol. À frente do projeto está o médico Alberto Dolci, que dirige o departamento de bioquímica do laboratório desde 2002. Já em 1987, Arrigo Sachi quis promover os cuidados de nutrição na equipa no AC Milan, de forma a garantir o bem-estar físico e mental dos jogadores a longo prazo.

A cultura do clube passa por promover as boas práticas alimentares desde cedo. O elemento fundamental para uma boa performance física é a água e os jogadores do Milan não se esquecem disso. Alberto Dolci explica que as crianças que treinam no clube são obrigadas a levar uma garrafa de água para os treinos e fazem uma pausa para beber a cada quinze minutos. Já os jogadores da equipa principal são submetidos a análises diárias à urina e sempre que o nível de hidratação está abaixo dos parâmetros têm que compensar bebendo a quantidade de água que lhes falta.

A equipa dá também muita importância às vitaminas que ingerem. Um estudo recente feito nos Estados Unidos prova que a vitamina D é essencial para os ossos e para o sistema imunitário e contribui também para a capacidade muscular. O MilanLab trabalha com a Nutrilite, uma empresa que desenvolve suplementos alimentares para resolver as carências nutricionais dos atletas.

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A equipa trata cada jogador individualmente, adaptando os nutrientes às carências de cada um. Ainda que a dieta seja um fator importante, a genética é também determinante. É por isso que os jogadores fazem testes genéticos. Dolci destaca o caso de quatro jogadores que tinham dificuldades em assimilar a vitamina B9, que se encontra nos legumes verdes e que ajuda na produção de glóbulos vermelhos. Esta vitamina é essencial para a resistência física. Os testes permitiram depois combater a carência de que esses jogadores podiam sofrer.

Nos balneários da equipa de Milão há também uma grande atenção aos medicamentos e aos seus efeitos nefastos. Dolci desaconselha o uso de anti-inflamatórios, já que estes destroem plaquetas e outras células que circulam no sangue. Assim, o especialista aconselha que os fármacos sejam substituídos por alimentos com ação anti-inflamatória, nomeadamente aqueles que sejam ricos em ómega 3.

As regras são estritas e a dieta é levada muito a sério no clube, ainda assim Alberto Dolci acredita que não há alimentos proibidos. A filosofia da equipa passa por perceber que há alguns nutrientes que devem ser ingeridos em abundância, enquanto outros devem ser evitados. Isto não quer dizer que não se possa cometer alguns excessos ocasionalmente. A brincar, o médico recorda o exemplo de Inzaghi, que nem no Natal quebrava as regras da sua dieta.