O Governo da Venezuela confirmou esta quinta-feira que maio foi o mês com maior escassez de produtos básicos no país, situação que as autoridades pretendem reverter com um novo programa de estímulo à produção local.

“Sabemos que este mês [maio] foi muito crítico. Foi o mês mais baixo em oferta de produtos e por isso a angústia das famílias venezuelanas por não conseguirem os bens nas prateleiras, mas garantimos que nas próximas semanas essa situação vai melhorar”, disse o vice-presidente venezuelano da Área Económica.

Em declarações aos jornalistas, Miguel Pérez Abad explicou que o Governo venezuelano identificou 50 produtos essenciais e que os empresários vão receber incentivos para impulsionar a sua produção local e assim reduzir a dependência das importações.

“Do Plano 50 faz parte um grupo de produtos alimentares, farmacêuticos, de higiene e asseio pessoal, assim como produtos escolares, que vão estar regulados [com preços fixados] pelo Estado e que vão ter estímulos fiscais e financeiros, para que possamos produzi-los no país”, disse.

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Por outro lado, disse que as autoridades sabem que “uma quantidade de empresas tem vindo a produzir com perdas”, sendo necessário “corrigir desequilibro, para que a produção seja sustentável”.

“Vamos melhorar [a oferta] de maneira progressiva, sistemática. Não vamos solucionar de um dia para o outro, mas vamos melhorar (…). Já o ‘bachaqueo'[venda no mercado negro] não será um fator determinante para a formação de preços no país”, disse.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos cidadãos terem dificuldades em conseguir produtos básicos, havendo longas filas diárias junto dos supermercados. No mercado negro, o preço é de quase dez vezes o valor real.

Por outro lado, os empresários queixam-se de dificuldades para aceder a dólares para importações, na sequência do sistema de controlo cambial que desde 2003 vigora no país e impede a livre obtenção de moeda estrangeira.

Há ainda denúncias de que muitas empresas estão na falência por serem obrigadas a vender os produtos a preços fixados pelo Executivo, que nalguns casos não tem em conta os gastos reais de produção.