A forma da barriga vai determinar o sexo do bebé
Há muito que se ouve dizer que as barrigas mais bicudas dizem respeito a fetos do sexo masculino e que as mais achatadas acolhem fetos femininos. A verdade é que a forma da barriga das grávidas não tem qualquer relação com o sexo do bebé, explica Sandra Alves, médica ginecologista obstetra. “Em fases mais tardias da gravidez, o formato da barriga vai depender da posição assumida pelo feto e da saliência das partes fetais sobre a barriga das mães”, afirma a profissional.
Uma mulher grávida não pode fazer exercício físico
Não é bem assim, dizem as especialistas consultadas. Maria do Céu Almeida, também ela ginecologista obstetra, garante que caso a gravidez não seja de risco, a mulher “pode e deve” fazer exercício físico. Sandra Alves também recomenda atividade física moderada durante todo o período de gestação, mas faz uma ressalva: durante a gravidez há alterações fisiológicas na grávida que condicionam a tolerância ao exercício físico, como a diminuição da tensão arterial — sobretudo nos primeiros quatro meses — que é agravada em ambientes quentes. É por isso que ambas as médicas destacam a preferência pelos desportos aquáticos, como a natação ou a hidroginástica.
Fazer sexo pode prejudicar ou magoar o bebé
O conceito é completamente falso e, diz Maria do Céu Almeida, resulta do “completo desconhecimento da anatomia da mulher ao imaginar que o pénis pode tocar no bebé e magoá-lo”. A explicação é até bastante simples, uma vez que o feto está na cavidade uterina dentro do saco amniótico — é como se tivesse no interior de um balão cheio de água — e, por isso, perfeitamente protegido do exterior. Mais, não há qualquer contacto entre a vagina e o interior do útero a não ser durante o parto, “quando o fenómeno de encurtamento e dilatação do colo uterino ocorre”, explica Sandra Alves, salientando que só em raras ocasiões, mediante indicação médica, é que o sexo não é indicado.
As grávidas não podem fazer a depilação…
Uma mulher à espera de filhos pode fazer qualquer tipo de depilação e em qualquer zona. E também há cartão verde para a depilação a laser, uma vez que a profundidade do laser é tão pequena que atua apenas ao nível da pele, não tendo qualquer capacidade de atravessar tecidos, sintetiza Sandra Alves. Maria do Céu refere ainda que, considerando o parto, “a depilação da região púbica contribui para uma melhor higiene”.
… ou pintar o cabelo e as unhas
A ideia não é completamente desprovida de sentido, dado que houve tempos em que as tintas dos cabelos continham substâncias tóxicas que poderiam ser absorvidas e provocar malformações ao bebé. Apesar de Maria do Céu afirmar que esse receio é hoje injustificado, Sandra Alves prefere recomendar que as mulheres evitem colorir o cabelo no primeiro trimestre da gravidez, tida como a “altura mais importante para o correto desenvolvimento dos órgãos”. Mas, no fundo, não passa de uma questão de prudência. Quando às unhas não há nada a assinalar, pelo que não é preciso desmarcar o encontro com a manicure.
Uma mulher grávida deve comer por dois
A tentação pode ser grande, mas a resposta de uma das médicas chega a ser um solene “nunca”, com direito a ponto de exclamação. “O aporte calórico da grávida está ligeiramente aumentado, sobretudo na segunda metade da gravidez, mas o acréscimo são apenas 200-300 calorias a mais. Não é preciso uma grande ingestão de alimentos para obter esse extra”, esclarece Sandra Alves, referindo que tem de haver uma relação saudável (e controlada) entre o peso a mais, adquirido durante a gestação, e o peso original da grávida. “Se a grávida tiver excesso de peso ou for obesa, o aumento de peso deverá ser menor. Em alguns casos ela nem deverá aumentar de peso, podendo inclusive perder um pouco sem que isso seja prejudicial à gestação.”
Maria do Céu Almeida acrescenta que o metabolismo de uma mulher grávida permite, por influência das hormonas, uma maior capacidade de absorção dos alimentos, “pelo que a mulher não só não deve comer por dois como em alguns casos até tem de cortar na quantidade dos alimentos que comia habitualmente antes da gravidez.
Se comer doces o bebé vai mexer-se mais
Enquanto Maria do Céu diz que a ingestão de qualquer alimento — e não apenas doces — vai provocar um pico de hiperglicemia capaz de provocar movimentos fetais, Sandra Alves adianta que a ingestão de produtos açucarados (sobretudo os de absorção rápida) aumentam os níveis de açúcar no sangue materno, o que “constitui um estímulo à atividade fetal” — não que isso signifique que a grávida deva comer doces para pôr o bebé a dar pontapés.
Todas as grávidas sentem náuseas
Na verdade, as náuseas são sintomas muito comuns entre as seis e as 14 semanas, embora não sejam constantes — tanto podem durar um mês como uma gravidez inteira –, sendo que 80% das futuras mães sentem este tipo de desconforto. Ainda assim, 80% não é 100%.
Se uma grávida tem azia é porque o bebé é cabeludo
À partida parece pouco provável associar uma coisa à outra, mas o mito tem vindo a passar de boca em boca, sobretudo quando a conversa é a vinda de um bebé. No entanto, garantem as médicas, não há qualquer relação entre a quantidade de cabelo do feto e a azia na gravidez — note-se, ainda assim, que a azia é das queixas mais frequentes no período da gestação.
Há mais partos em noite de lua cheia
Quantas vezes já ouviu uma afirmação destas? E quantas vezes se interrogou sobre se fará ou não sentido? Sandra Alves começa por dizer que a média é uma medida pouco exata em obstetrícia, para depois afirmar que não se consegue estabelecer qualquer relação entre as luas e um maior número de nascimentos. Dito isto, a médica deixa ficar a seguinte frase apaziguadora: “resta apenas às grávidas esperar pela sua hora e isso ninguém pode antecipar quando será”.