A economia portuguesa terá crescido 0,3% no segundo trimestre deste ano, indicou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números são melhores que o dado a conhecer pelo INE na estimativa rápida do PIB, a 12 de agosto, em uma décima, tanto no crescimento face ao primeiro trimestre, como face ao mesmo trimestre do ano passado.

A atualização dos números – que o INE justifica com nova informação entretanto incorporada nos cálculos – faz com que a economia portuguesa esteja a acelerar, quando se compara os três trimestres anteriores. No terceiro trimestre de 2015, a economia portuguesa cresceu apenas 0,1%, acelerando para 0,2% nos dois trimestres seguintes.

Em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, existe uma estagnação do ritmo de crescimento. Os 0,9% de crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano face ao segundo trimestre de 2015 repetem o resultado do primeiro trimestre deste ano, por sua vez uma desaceleração face aos três trimestres anteriores, quando a tendência já era decrescente (1,5% no segundo trimestre de 2015, 1,4% no terceiro, 1,3% no quarto trimestre e 0,9% no primeiro trimestre deste ano).

Consumo a abrandar em toda a linha

A procura interna está a contribuir menos para o crescimento do PIB, tanto ao nível do consumo, como do investimento. No caso do consumo, o seu contributo para o crescimento da economia continua a ser positivo, mas a dar sinais de fraquejar. Por exemplo, no segundo trimestre o consumo privado só cresceu 0,1% do PIB, quando três meses antes estava a crescer 10 vezes mais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quando se olha para os números comparando com o ano anterior a diferença também está à vista: os gastos das famílias cresceram 1,7%, menos 0,9 pontos percentuais que no primeiro trimestre, devido a uma queda de 4,5 pontos percentuais nos gastos com bens duradouros – que passam de 12,7% para 8,2% – e dos bens não duradouros e serviços de 1,7% para 1%, responsáveis pela maior quebra na contribuição para o crescimento económico.

Investimento continua a cair

Uma das principais bases para o crescimento de 1,8% esperados pelo Governo para este ano, o investimento continua a dar dores de cabeça e sem sinal de melhoria à vista. No segundo trimestre, o investimento caiu pela segunda vez consecutiva, 0,1% face ao primeiro trimestre, altura em que já tinha diminuído 0,7%.

Este até pode ser um sinal de abrandamento da queda, mas quando os números são comparados com os mesmos do ano passado, a queda é mais pronunciada já que nos primeiros três meses deste ano estava a diminuir a um ritmo de 1,2% e nos números mais recentes apresenta uma queda de 3%.

A ajuda que vem de fora

Era um dos maiores riscos ao crescimento previsto no início do ano, mas parece estar a resultar em sentido contrário. Depois de dar um contributo negativo no primeiro trimestre do ano para o crescimento do PIB, em 0,7 pontos percentuais, a procura externa líquida está agora a contribuir para o crescimento. Este contributo positivo de 0,2 pontos percentuais deve-se a uma desaceleração das importações e um crescimento das exportações que faz com que o saldo seja positivo, ao contrário do que se verificava no trimestre anterior.