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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

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Telmo Faria, presidente da Comissão de Assuntos Europeus: António Costa no Conselho Europeu? "Temos a tradição de apoiar portugueses"

O deputado do PSD diz que caso o PPE assegure a presidência da Comissão e do Parlamento e os socialistas fiquem com o lugar do Conselho Europeu, então esse lugar deve ser entregue a António Costa.

O deputado do PSD, agora presidente da comissão parlamentar de Assuntos Europeus, elogia a escolha de Sebastião Bugalho para liderar a lista da AD ao Parlamento Europeu e diz que a falta de experiência europeia regista-se em todos os cabeças de lista.

Telmo Faria garante que não tinha a ambição de ocupar um lugar no Governo e acredita que Luís Montenegro vai conseguir implementar nos primeiros dias um programa para “energizar” o país e “responder às grandes mensagens da campanha”, que evite um cartão amarelo nas eleições de 9 de junho.

O agora deputado, que foi autarca durante vários anos, quer contribuir para “reconstruir a boa tradição portuguesa” dos eurodeputados, depois das eleições que vão marcar uma grande renovação dos representantes portugueses no Parlamento Europeu.

[Ouça aqui o Sofá do Parlamento]

Telmo Faria, do PSD: “Sebastião Bugalho vai trazer energia nova para a AD”

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O Tribunal Central de Instrução Criminal pediu o levantamento da imunidade parlamentar de três deputados do PSD. Estes três deputados devem renunciar ao mandato?
Vai-me desculpar mas esse é um assunto que está entregue à justiça e é dentro desse âmbito que as coisas devem continuar. Não me pronuncio, até porque nem conheço nada desse caso. Confio que todos os passos devem ser dados e que as questões devem ser esclarecidas para garantir a transparência.

A lista da Aliança Democrática vai ser encabeçada por Sebastião Bugalho. É uma aposta de risco de Luís Montenegro?
Creio que há uma clara intenção de ser fora da caixa, de irmos buscar pessoas com atrevimento, energia, coragem e vontade de se preparar para um desafio extraordinário que é o Parlamento Europeu. Acabámos de ter eleições nacionais, agora vamos ter europeias e isso significa que vai haver uma conjugação dos ciclos políticos. Em junho temos dois Conselhos Europeus, será o mês das grandes negociações, sobre os chamados top jobs na Europa. Tenho alguma preocupação em relação à forma como as listas trazem uma necessidade de reconstruir toda uma tradição forte da delegação portuguesa. Dos 21 apenas um eurodeputado fica e por isso há uma necessidade de reconstrução dessas relações, também com a Comissão dos Assuntos Europeus e com o Parlamento português. Temos tido uma grande tradição de bons parlamentares e estou convencido de que estes novos candidatos, e futuros eurodeputados, serão também excelentes quadros e entrarão o mais rápido possível dentro da dinâmica e de toda a complexidade que é o trabalho europeu.

A pouca experiência de Sebastião Bugalho, quer profissional quer política, não lhe levanta reservas?
Essa questão aplica-se a todos. Só a eurodeputada Lídia Pereira tem experiência de Parlamento Europeu. A questão não é o cabeça de lista da AD, pelo contrário, acho que oferece energia e vontade. O país conhece o Sebastião Bugalho porque tem capacidade de intervenção, de estudar os dossiês, de se pronunciar sobre os temas e, acima de tudo, é muito trabalhador. Estou convencido que vai trazer uma energia nova e a AD quis, com isso, dar também uma ideia de grande dinamismo e de inconformismo. Há muitas bandeiras, muitas questões para serem tratadas e o futuro é bastante complexo.

Sebastião Bugalho? "Não vamos comparar os currículos apenas do topo da lista"

Já vou a esse futuro complexo, mas a AD não corre o risco de perder, em termos de mediatismo, para o PS, que tem duas antigas ministras e um nome como Francisco Assis nos três primeiros lugares? A aposta disruptiva não acarreta aqui alguns riscos?
Uma campanha é a energia. O Sebastião Bugalho representa a maior fonte de energia que os partidos políticos podiam apresentar nesta campanha. Desse ponto de vista, parece-me que é uma escolha muito acertada, muito forte, carregadíssima de energia, de vontade e de afirmação. Estarmos a comprar currículos do passado perante um jovem que se dispõe a liderar uma lista e a construir um programa de intervenção. A lista é composta também de pessoas com experiência, com grande capacidade de intervenção e é esse conjunto entre inconformismo, capacidade de trabalho e conhecimento que forma uma candidatura. Não vamos comparar os currículos apenas do topo da lista.

Foram poucos os dias que partilhou com Marta Temido a Comissão de Assuntos Europeus. Era sua vice-presidente. Alguma vez tinham falado desta possibilidade, ou confessado esta ambição, de poder ir para a Europa?
Não, ontem houve reunião da Comissão, rimo-nos. Pareceu-me que, quando tomámos posse no dia 18 de abril, houve uma predisposição de trabalharmos muito em conjunto, quer com ela quer com o Rui Tavares, que compõem comigo a mesa, e parece-me que isto tudo se arranjou daí para cá. A deputada Marta Temido quis abraçar um novo desafio e será certamente substituída pelo PS.

Europeias. Cartão amarelo ao Governo: “Está há tão pouco tempo [em funções]”

Por norma, as eleições europeias são sempre um cartão amarelo ao Governo que está em funções.
Este está há tão pouco tempo…

Era essa a pergunta. Este estando há tão pouco tempo no poder, acha que já vai ser prejudicado por isso, ou ainda está em estado de graça?
O Governo está a marcar a agenda, com as suas iniciativas, a lançar, a tentar responder às grandes mensagens da campanha eleitoral. Está a preparar um programa de emergência para a área da saúde, tem ainda a questão da fiscalidade. As próximas semanas vão marcar um ciclo de lançamento de novas medidas. O Governo continuará a energizar o país e a criar um clima de confiança. Se se confirmar a expectativa de estudos como o do Eurobarómetro, que mostra que os portugueses estão muito mais preocupados com as questões internacionais e se existir uma maior participação nestas eleições europeias, estou certo que isso será bom para Portugal e para revitalizar a vida política a todos os níveis. Pairam sobre a Europa, sobre as nossas vidas e o nosso futuro, nuvens muito negras.

"Estou convencido que o Partido Popular Europeu (PPE) continuará a assegurar a liderança da Europa"

Mas ainda assim, uma derrota da AD nestas eleições era um mau sinal? Nesta tentativa de ganhar força.
Não vou fazer análise aos cenários de vitória ou derrota. Há uma probabilidade dos partidos moderados fazerem uma grande campanha. Vamos ver o que é que vai acontecer em toda a Europa no dia 9 de junho. Que grupos é que vão crescer mais e que grupos vão diminuir a sua representação no Parlamento Europeu. Estou convencido que o Partido Popular Europeu (PPE) continuará a assegurar a liderança da Europa, pela sua preparação e pela qualidade dos seus quadros. Há pouco falou de Roberta Metsola, a presidente do Parlamento Europeu, que adora Portugal e que tem uma relação com Portugal extraordinária. Nunca uma presidente do Parlamento Europeu veio tantas vezes a Portugal.

E esteve cá há poucos dias para apelar à participação eleitoral. Em Portugal isso vai ser particularmente complicado. Acha que estas eleições correm o risco de serem as menos participadas dos últimos anos no país?
Há uma maior percentagem de interesse e vontade de participar nas eleições face a anos anteriores e portanto temos razões para acreditar, apesar do feriado do 10 de junho, do fim de semana, acredito que o voto antecipado e a mobilidade de voto pode ajudar a contrariar a abstenção.

O Governo e o Parlamento devem reforçar essas possibilidades?
Devem reforçar a comunicação e a informação para que os portugueses possam ir de férias sem abdicar do voto. A Europa hoje comanda muito as nossas vidas, nós temos muitos dossiês à nossa frente e não são apenas questões de tecnocracia. A competitividade, as migrações, a segurança.

Alargamento da Europa. “Portugal tem posição de abertura mas também de equilíbrio”

É Presidente da Comissão de Assuntos Europeus. O Parlamento português continua disponível para apoiar, sem reservas, a adesão da Ucrânia à União Europeia? Não há riscos que Portugal pode ter, nomeadamente no acesso aos fundos comunitários?
Sempre fomos abertos às questões de alargamento da União Europeia. Há nove países que são candidatos e Portugal tem uma posição de abertura mas também de equilíbrio, que sempre nos preocupou. A distribuição dos poderes no interior das instituições europeias, dos deputados, dos votos e também dos fundos estruturais. Essas são matérias que estão dentro do dossiê do alargamento. O primeiro-ministro, no discurso inaugural no Parlamento, falou muito da necessidade de revermos a estratégia de financiamento, de termos mecanismos de financiamento permanentes. O PRR é um modelo de financiamento único e seria muito interessante que se conseguissem estruturar as questões de forma permanente para continuarmos a ter uma capacidade financeira que permita auxiliar a nossa economia.

Tem falado muito da experiência dos eurodeputados portugueses. De alguma forma, a transferência da experiência para o Governo pode dar mais força para negociar questões como o acesso aos fundos comunitários?
Creio que sim. Há pouco falei da necessidade de reconstrução da relação política do Parlamento com os eurodeputados. Há uma tradição da Comissão dos Assuntos Europeus de dialogar com todos os eurodeputados. Todos os 21 eurodeputados, de forma remota ou presencial, tiveram audições com a Comissão. Queremos fazê-lo com os novos 21 e também com o futuro comissário português. Reconheço que o facto de termos, por exemplo, o ministro da Agricultura, que foi um excelente eurodeputado, um relator exímio sobre questões de financiamento da União Europeia, e que por isso, o Governo beneficia da sua experiência, bem como com a do ministro dos Negócios Estrangeiros. Há questões muito relevantes nos próximos tempos a nível europeu, como a segurança e a defesa ou a autonomia estratégica da União Europeia, que é preciso resolver.

Chega. "Temos sabido estar unidos na frente europeia e acho que isso vai continuar e tenho esperança de que, existindo uma votação maior num terceiro partido, haja alguma resistência às tentações mais extremistas"

Ao longo dos anos o Parlamento e a política externa portuguesa têm sido matérias de grande consenso entre os dois principais partidos. Existindo agora um terceiro partido que ganhou muita força, teme que a posição portuguesa possa ficar mais isolacionista ou mais desconfiada face à União Europeia?
Acredito e espero que o Chega mostre que é um partido responsável e que entenda que defender Portugal é defender a construção e o aprofundamento da nossa relação com a Europa. Imagino a tentação que possa existir com um discurso mais soberanista, nacionalista e isolacionista, muitas vezes fruto da integração dos grupos parlamentares do Parlamento Europeu. Vai ser um grande desafio vermos até que ponto é que o Chega realmente oscila na tradição moderada de PSD e do PS, e que talvez explique porque é que as delegações portuguesas têm tido muita relevância, porque conseguiram afirmar uma visão conjunta. Temos sabido estar unidos na frente europeia e acho que isso vai continuar e tenho esperança de que, existindo uma votação maior num terceiro partido, haja alguma resistência às tentações mais extremistas.

Costa na Europa? “Se o PPE assegurar a Comissão e o Parlamento Europeu”

Já falou aqui das negociações dos top jobs europeus. Caso as questões judiciais de António Costa se resolvam, seria bom para Portugal ter um presidente do Conselho Europeu?
O facto de termos um mês de junho muito intenso, com dois Conselhos Europeus, com a definição da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, do alto representante da União Europeia para a política externa e o presidente do Conselho Europeu. Por regra, o que esperamos é que haja sempre estes sistemas de equilíbrios entre famílias políticas e geografias. Se o Partido Popular Europeu conseguir, como esperamos, a maioria dos deputados no Parlamento Europeu, assegura a presidência da Comissão e do Parlamento e liberta a possibilidade da família socialista poder liderar o Conselho Europeu.

E tendo que entregar o lugar ao Partido Socialista Europeu, preferia que fosse a um português?
Isso não se discute. Se conseguíssemos ter um português, mesmo vindo de outra família política, temos uma tradição, tal como aconteceu com Durão Barroso, de apoiar os portugueses para altos cargos internacionais.

Foi um autarca experiente, foi cabeça de lista por Leiria nestas eleições. Não ambicionava ser convidado para o Governo? Para uma pasta relacionada com o turismo ou com a administração local?
Não. Quando Luís Montenegro me convidou para ser candidato, não tinha a minha vida preparada e organizada para exercer a 200% um cargo executivo como esse que está a referir. Aceitei o convite numa lógica de poder participar na vida parlamentar, considerando que poderia acompanhar também a minha vida empresarial. Não me preparei para exercer um cargo político com total exclusividade. Crio empregos, tenho uma responsabilidade empresarial, não tenho mais sócios, e tendo uma pequena empresa tenho que fazer esse acompanhamento. Estou muito feliz por ter recebido a confiança dos meus colegas aqui no Parlamento para liderar uma comissão que é de uma área de soberania, como são os assuntos europeus. Queria, de alguma maneira, fugir dos temas da economia por ser empresário e acredito que posso dar um contributo para um reforço da ligação entre as questões europeias e o Parlamento português.

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