O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) apelou este domingo à intervenção do Governo para travar o “plano” dos novos donos da TAP para a transformarem numa companhia low cost (de baixo custo).

“Vamos insistir com o Governo que tem que dar um passo e interessar-se por uma coisa que é sua. Todos os estudos apontam medidas que pretendem transformar a TAP numa low cost”, afirmou o coordenador do Sitava Paulo Duarte, reagindo ao diagnóstico da consultora Boston Consulting Group, que identificou vários caminhos para a transportadora nacional ser competitiva face às companhias de baixo custo.

No projeto “Transformar a TAP numa companhia aérea mais eficiente”, a que a Lusa teve acesso, a Boston Consulting considera que os custos da TAP estão numa boa posição quando comparados com as companhias de bandeira, mas precisa de ser mais eficiente para competir com as de baixo custo.

Em declarações à Lusa, o dirigente sindical realçou que “o problema, independentemente do estudo, é o que se passa no dia a dia: todas as decisões tomadas por estas novas pessoas que compõem o Conselho de Administração visam transformar a TAP numa empresa ‘low cost'”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Para nós isso é uma preocupação tremenda. O que nos foi vendido, aquando da privatização, é que era feita para defender a TAP como companhia de bandeira”, acrescentou. Paulo Duarte sublinhou que uma das diferenças entre as companhias de bandeira e as ‘low cost’ é que estas não têm manutenção, lembrando que esta área de negócio tem na TAP cerca de 2.000 trabalhadores.

“O caminho da externalização dos serviços de manutenção, proposto pela consultora, é muito preocupante”, sublinhou. Na análise da consultora também o negócio da Manutenção e Engenharia pode ser mais competitivo do que é hoje, pondo a hipótese de uma maior externalização de serviços, o que permitiria poupanças entre os 20 e os 30 milhões de euros.

Para a Boston Consulting, a TAP deve avançar com um programa ambicioso para alcançar poupanças de até 200 milhões de euros, até 2020, sendo que um terço – entre 50 e 70 milhões de euros – é alcançado na categoria dos pilotos e tripulantes, com a renegociação de acordos de empresa e o ajustamento do número de assistentes de bordo ao mínimo exigido por voo.

A segunda maior poupança proposta pela consultora, num valor entre os 40 e os 65 milhões de euros, resultaria de cortes nos serviços aos passageiros – como por exemplo no ‘catering’ (refeições a bordo) – e poupanças na área comercial, com a renegociação de taxas e incremento das vendas diretas.

Ao nível do ‘handling’ (serviços de assistência em terra), a Boston Consulting ‘consegue’ uma redução de 10 a 20 milhões de euros até 2020 através da renegociação do contrato com a Groundforce e reforço do ‘self service’ sobretudo no ‘check-in’.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da companhia disse que “a TAP trabalha com vários consultores para explorar caminhos e oportunidade de melhoria”, explicando que “este documento é exploratório e comparativo da TAP com outras companhias do mercado”.

“Nenhum caminho ou ideia foi ainda aprovado e há várias hipóteses que já foram excluídas e não se aplicam à realidade da TAP”, realçou fonte oficial da TAP.