“O Governo de Michel Temer vai imprimir políticas mais ortodoxas e favoráveis aos empresários do que o seu antecessor”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist numa análise sobre a economia brasileira. No relatório, explicam que “a principal prioridade vai ser lidar com a crise orçamental” e lembram os planos já anunciados pelo Governo de Brasília: limitar a despesa pública, eliminar a indexação à inflação que determina os aumentos das pensões e outros subsídios, e avançar com uma reforma abrangente da Segurança Social, aumentando a idade da reforma.

Em meados de outubro, o banco central brasileiro desceu a taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, para 14%, a primeira descida nos últimos quatro anos, o que pode abrir caminho para novas reduções se a inflação estiver controlada e se as reformas económicas começarem a surtir efeito.

“Apesar de alguns destes ajustamentos macroeconómicos ainda terem de ser implementados, já há alguns progressos nas reformas microeconómicas, com melhorias nas regras de gestão das empresas públicas ou controladas pelo Estado, e também já foram dados passos para imprimir maior previsibilidade à moldura operacional que regula as empresas e reduzir a forte intervenção na economia que ocorreu durante o mandato de Dilma Rousseff, principalmente no setor da energia, o que prejudicou o investimento.

Exemplo disso é a lei que elimina a obrigatoriedade de a Petrobras liderar os consórcios que exploram o petróleo pré-sal, considerado uma zona com grandes reservas e que poderá ser determinante para aumentar as receitas no país, o que abre caminho a mais investimento externo, já que se permite às petrolíferas estrangeiras tomarem as principais decisões.

A EIU antecipa, por isso, que a confiança dos empresários vai aumentar gradualmente durante o atual mandato presidencial, o que deverá fazer com que a economia comece a recuperar já neste trimestre. “Os dados mais recentes do PIB apontam para uma contração da economia de 0,6% no segundo trimestre em cadeia, o que sustenta a nossa estimativa de uma recessão de 3% este ano”, escreve a EIU no ‘Country Outlook’ deste mês.

“Para 2017 revimos a nossa previsão ligeiramente em alta, de 1% para 1,1%”, acrescenta-se no documento, que reconhece que “vai demorar algum tempo para o crescimento económico ganhar lastro, nomeadamente por causa do imperativo do ajustamento orçamental; em 2018 esperamos um crescimento de apenas 1,7%”. A previsão dos analistas da Economist aponta para uma aceleração para 2,3% em média entre 2019 e 2021, e é “baseada na expectativa de que o Governo que tomar posse no seguimento das eleições de 2018 vai implementar políticas ortodoxas e dar alguns passos para introduzir outras medidas favoráveis ao crescimento”.

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