Equipamentos de má qualidade, falhas na comunicação e desobediência. Estes são alguns dos problemas detetados num estudo elaborado em 2013 por uma equipa de especialistas da Universidade de Coimbra que analisou “os grandes incêndios florestais e os acidentes mortais ocorridos” nesse ano.

O relatório, a que o Jornal de Notícias teve acesso, foi encomendado pelo anterior Governo na sequência dos incêndios na Serra do Caramulo em 2013, que provocaram a morte de oito bombeiros e um civil. O verão de há três anos foi um dos piores em termos de incêndios — as chamas consumiram um total de 19.291, de acordo com os números do JN.

Além dos equipamentos de fraca qualidade e das falhas de coesão e de comunicação, a equipa de Coimbra, liderada por Xavier Viegas, encontrou outras dezenas de falhas no desempenho dos bombeiros no terreno. Segundo o estudo, os operacionais chegaram a mostrar, em algumas situações, um total “desconhecimento sobre o uso do fogo” e sobre o seu “caráter dinâmico em encostas e desfiladeiros”, cita o JN.

Os investigadores falam mesmo numa “anarquia no uso do fogo” no combate aos incêndios e em “falta de articulação” entre os vários agentes de defesa florestal. Durante a análise dos acontecimentos, a equipa verificou também “excessos de confiança” por parte de alguns bombeiros e desobediências “que não são toleráveis nos teatros de operações”.

Como exemplo, o JN dá o caso de um incêndio em Tondela, no final de agosto, em que houve “uma clara subestimação das condições de propagação”. Além disso, os especialistas concluíram que a corporação a que pertenciam os dois bombeiros que morreram a 29 de agosto não respondeu a uma ordem direta de retirada.

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