A discussão sobre uma eventual integração do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) na Universidade Nova de Lisboa foi suspensa depois da polémica levantada, há duas semanas, pelo Bloco de Esquerda em pleno debate quinzenal, garantiram ao Observador duas fontes próximas do processo.

A integração do Ricardo Jorge na Universidade Nova era uma simples equação e foi tomada como uma decisão. O processo foi entretanto suspenso e, para já, não está prevista qualquer discussão sobre o futuro do INSA”, afirmou uma das fontes que preferiu não ser identificada. Isso depois de uma outra fonte ter avançado com a mesma informação.

Há duas semanas, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, em pleno debate quinzenal, questionou o primeiro-ministro sobre o risco da privatização do INSA, fruto da integração na Nova. Catarina Martins lembrou que, em março do ano passado, a Universidade Nova e a José de Mello Saúde criaram um consórcio (o Tagus TANK) para promover a investigação clínica, a formação e a qualificação de novos médicos. E se o INSA viesse a ser integrado na Universidade Nova, como o Bloco antecipava que pudesse ser abrangido pelo dito consórcio.

O primeiro-ministro rapidamente afastou essa hipótese e também o Ministério da Saúde, nessa mesma tarde, reforçou a ideia de que “independentemente de exercícios de reflexão realizados no contexto de grupos de trabalho, tendo em vista a valorização e o aprofundamento das competências do INSA, cumpre esclarecer que, em nenhuma circunstância, o estatuto do INSA será alterado em termos que modifiquem a sua natureza pública nem que condicionem o seu papel de referência enquanto laboratório do Estado e pilar estruturante do sistema de saúde pública”.

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Imediata também foi a notificação que chegou da Universidade Nova de Lisboa a cancelar a reunião que estava prevista para meados de maio para discutir este assunto com elementos do Ricardo Jorge, como noticiou, logo na altura, o Observador.

Desde então o processo ficou em “banho-maria” e esta semana chegou a confirmação de que a Universidade tinha suspendido o processo de discussão de integração daquela entidade. O Observador contactou a Universidade Nova, que remeteu esclarecimentos sobre a matéria para o Ministério da Saúde que, por sua vez, ainda não respondeu.

Entretanto, o assunto voltará ao Parlamento uma vez que foi aprovado o requerimento apresentado pelos bloquistas para chamar à AR as várias entidades responsáveis pelo processo, desde os ministros da Saúde e da Ciência, ao presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ricardo Jorge, bem como o reitor da Nova, o coordenador do grupo de trabalho constituído por resolução do Governo, Sobrinho Simões, e as várias entidades médicas que se demitiram da comissão para a reforma da saúde pública.

O destino do Instituto Ricardo Jorge tem sido discutido há muito tempo. O laboratório do Estado foi criado, em 1899, três meses depois da Direção Geral de Saúde (DGS), mais tarde veio a ser fundido com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical e quando o IHMT é absorvido pela Universidade Nova de Lisboa, o INSA volta a ficar ligado à DGS.