O ministro da Defesa Nacional, José Alberto Azeredo Lopes, admitiu este sábado de manhã que as armas roubadas ao Exército no paiol de Tancos podem ter o terrorismo como destino. Em resposta a um jornalista da RTP que lhe colocou uma questão sobre a possibilidade de o armamento estar com organizações terroristas, o ministro não negou. Mas não pronunciou a palavra: “Há, não há que escondê-lo, embora não tenhamos nenhum elemento que aponte num ou noutro sentido. Há um facto indiscutível: que esse material estará agora a tentar entrar no mercado ilícito de trafico de armas que podem depois servir para os mais diferentes fins, como o que referiu [o terrorismo]“.

Numa entrevista à SIC, na quinta-feira, o ministro já tinha sublinhado o “profissionalismo que teve esta operação”, por ter sido “célere”, com “meios profissionais”, porque os intervenientes “sabiam o que retirar”. E acrescentou a ideia de que as armas poderiam servir para atos terroristas, mais uma vez sem usar essa palavra. “À luz da natureza instrumental” do armamento”, disse o ministro, o furto poderia ter como objetivo o abastecimento de “redes clandestinas de tráfico ou que possam indiretamente contender com a nossa segurança” — mais um eufemismo que engloba o terrorismo. “Tenho de dizer que é uma situação grave”, assumiu Azeredo Lopes.

O Jornal de Notícias avançou que A Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, a Polícia Judiciária Militar e os serviços secretos estão em estado de alerta, pois já há a certeza de que o ato criminoso tem por trás o crime organizado, com eventuais ligações ao terrorismo. Azeredo Lopes disse ainda que a NATO e a União Europeia foram de imediato informadas do ocorrido e admitiu que as armas de guerra “já não estejam em território nacional”.

A participar no 65º aniversário da Força Aérea Portuguesa em Castelo Branco, o ministro da Defesa disse ainda que assume a “responsabilidade política” após o furto de material de guerra em Tancos pelo “simples facto de estar em funções”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Exército revelou na sexta-feira que, entre o material de guerra roubado na quarta-feira dos Paióis Nacionais de Tancos, estão “granadas foguete anticarro”, granadas de gás lacrimogénio e explosivos, mas não divulgou quantidades. “Para além das granadas de mão ofensivas e das munições de 9mm, foram também detetadas as faltas de granadas foguete anticarro, granadas de gás lacrimogéneo, explosivos e material diverso de sapadores, como bobines de arame, disparadores e iniciadores”, indicou o Exército.

O governante disse também que marcará presença na Assembleia da República e que aí dará as explicações que os deputados entenderem.

Confirmou igualmente que o sistema de videovigilância em Tancos não estava operacional e disse que as medidas que podiam ser tomadas, foram tomadas em devido tempo, sem especificar.