Um agente do corpo de intervenção da polícia da Catalunha deu a entender que, caso venha a ser aplicado o Artigo 155, muitos membros dos Mossos d’Esquadra vão pôr baixa e recusar-se a seguir ordens do Governo central espanhol, como as cargas policiais que marcaram o referendo de 1 de outubro. “No segundo que nos peçam [isso], haverá baixas médicas”, disse aquele agente ao El Mundo, sob anonimato.

As declarações daquele polícia, destacado em Barcelona, seguem-se àquelas que o ministro da Educação e porta-voz do Governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, fez ao The Times. “Nenhum govenro quer um ato de violência, mas o Governo deve garantir que a lei é obedecida e, se há gente do outro lado que não quer obedecer à lei, então, através dos Mossos d’Esquadra, teremos de restaurar a legalidade”, disse.

“Deve-se cumprir e fazer cumprir as leis sempre, mas tens de perceber aquilo que tens à tua frente e se aquilo que vais fazer é proporcional ou não”, disse o mesmo agente ao El Mundo. “Um black bloc do Arran [grupo de extrema-esquerda catalanista que atua com violência] não é o mesmo que uma senhora idosa a votar.”

O mesmo agente reconheceu que já no referendo de 1 de outubro alguns polícias tinham conseguido uma baixa médica, impedindo-os de trabalhar naquele dia em que se realizou a consulta popular proibida pelo Tribunal Constitucional. Nessa data, os polícias catalães tinham ordens superiores para evitarem cargas policiais, que deveriam existir apenas em casos muito específicos — como agressão a polícias ou confrontos entre pessoas. Porém, a Guardia Civil e a Policia Nacional, com mais de 12 mil membros de todo o país destacados na Catalunha, atuou em várias situações.

A aplicação do Artigo 155 — previsto para sancionar uma região que não cumpra a Constituição espanhola — aguarda a aprovação do Senado, depois de ter sido pedida pelo Presidente de Governo, Mariano Rajoy. A aplicação daquele artigo da Constituição deverá resultar na perda de poderes dos líderes regionais catalães e, na prática, na suspensão da autonomia política daquela região.

Uma das consequências mais práticas desse cenário poderá ser a passagem da liderança da polícia catalã para as mãos do Ministério do Interior.

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