A 24 de junho de 1128, os barões portucalenses cansaram-se de estar nas mãos dos galegos depois de D. Teresa ter assumido o governo do condado e de o ter entregue a Bermudo Peres de Trava, o vizinho do lado. O filho de D. Teresa, Afonso Henriques, torceu o nariz ao domínio galego e confrontou a mãe na Batalha de São Mamede. Ganhou. Se não fosse esta vitória, o Condado Portucalense nunca tinha existido e Portugal não teria nascido nesse dia. Mas 24 de junho não é feriado nacional: o evento só é celebrado em Guimarães. E, por coincidência, é feriado municipal em Porto Santo e na Sertã.

Portugal e Espanha ficaram zangados por longos anos até que D. Afonso Henriques, entretanto proclamado o primeiro rei do condado, decidiu fazer as pazes com os espanhóis. A 5 de outubro de 1143, Afonso Henriques e Afonso VII de Leão e Castela, seu primo, reuniram-se para assinar o Tratado de Zamora. Começou nesse dia a dinastia afonsina e foi oficialmente proclamada a independência de Portugal. Quem não sabe esta data não é bom português, diz o ditado, mas 5 de outubro raramente é recordado por este acontecimento: é feriado, sim, mas por causa desse dia em 1910, com a Implantação da República.

Renegadas ao esquecimento, outras datas de importância histórica para Portugal nunca foram feriado — mas podiam ser. Se não tivéssemos conquistado Ceuta a 21 de agosto de 1415, os Descobrimentos podiam nunca ter ido avante a bordo das caravelas portuguesas. Se a 19 de maio de 1498 Vasco da Gama não tivesse descoberto o caminho marítimo para Índia, Portugal não tinha ganho o domínio das rotas comerciais na Ásia — nem mais tarde teríamos reforçado esse domínio ao descobrir as Terras de Vera Cruz (agora Brasil) a 22 de abril de 1500 graças a Pedro Álvares Cabral. E sem 23 de setembro de 1822, a primeira lei fundamental portuguesa não teria nascido.

No dia em que se celebram 377 anos da Restauração da Independência, a revolta do estado português contra a tentativa espanhola que ganhar o controlo da Coroa, abrimos os capítulos esquecidos da História de Portugal para recordar as datas importantes para o país que podiam ser feriado, mas que não são. Há 12 exemplos na fotogaleria.

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