É uma oportunidade única para viajar para longe: o euro está forte, o que significa que as despesas fora da Europa pesam menos. Se gastar agora 100 dólares norte-americanos nos Estados Unidos da América, o câmbio é 14% mais baixo do que há um ano. Isto acontece com quase todas as divisas.
O Observador analisou os custos de transporte, estadia e alimentação em 55 destinos populares para lhe dizer quais são os mais económicos para as próximas férias. Estimámos o custo de uma viagem entre os dias 27 de junho e 3 de julho de 2018. Pesquisámos os voos mais baratos para a cidade servida pelo aeroporto de cada país com mais tráfego internacional ou para a capital. Usámos o motor de pesquisa do Skyscanner. Calculámos a média do custo de cinco noites em cinco hotéis de quatro estrelas na mesma cidade. A pesquisa usou o comparador Trivago, filtrando pelos hotéis com classificação mais alta e, sempre que possível, a cinco quilómetros do centro da cidade.
Para somar as despesas alimentares, aplicámos o Índice Big Mac: um estudo da revista The Economist que reúne e compara os preços mundiais dos hambúrgueres da McDonald’s. Nas simulações, assumimos uma despesa por refeição equivalente a cinco vezes o preço local de um Big Mac — em Portugal, as refeições ficariam em 16,25 euros. Não recomendamos, claro, que os turistas comam unicamente hambúrgueres.
Quatro destinos a que vale a pena ir na Europa
A proximidade dos destinos europeus reduz os custos de transporte nas férias. Quem tem o orçamento mais apertado deve preferir descansar na Europa.
Kiev, Ucrânia
A Ucrânica já era barata, mas mais barata ficou depois de uma depreciação de 18% da hryvnia face ao euro. A capital ucraniana pode ser vista como um destino aventureiro, em particular devido às tensões entre o governo e as forças separatistas. No entanto, a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros apenas desaconselha os viajantes nacionais a evitarem as deslocações às regiões no leste e no sudoeste da Ucrânia. Kiev posiciona-se a norte, a cerca de 100 quilómetros da Bielorrússia.
Vílnius, Lituânia
A Lituânia já aderiu ao euro, mas os preços dos voos para a capital desceram. Não há voos diretos para Vílnius, mas, através de uma escala em Frankfurt, a Lufthansa faz o transporte por menos de 250 euros em junho do próximo ano.
O desenvolvimento cultural e arquitetónico da Europa oriental deve muito a Vílnius, o que se nota nos edifícios góticos, renascentistas, barrocos e neoclássicos. Apesar das muitas invasões e destruições registadas desde os tempos medievais, o esplendor do centro histórico levou-o a ser classificado como Património Mundial pela Unesco.
Varsóvia, Polónia
Varsóvia foi destruída na Segunda Guerra Mundial, mas o ritmo de recuperação foi acelerado. Pode ser ainda um trampolim para conhecer Cracóvia, a 300 quilómetros, e o litoral de Gdansk, 40 quilómetros mais longe.
Não foi o movimento cambial que colocou a Polónia no topo dos destinos mais baratos. Aliás, o zlóti subiu 5% face ao euro no último ano. É nos preços dos voos que a capital polaca mais surpreende: fazendo escala numa capital europeia, como Amesterdão ou Zurique, é possível ir e vir ao aeroporto Chopin por cerca de 150 euros por pessoa.
Istambul, Turquia
Não está totalmente dentro da Europa: Istambul está dividida entre o Velho Continente e a Ásia pelo estreito do Bósforo.
Depois dos conflitos internos se terem dissipado, o preços dos hotéis na região voltaram a subir. Todavia, graças à subida de 12% do euro face à lira turca, a alimentação e o alojamento em Istambul fica entre as mais baratas dos 55 destinos analisados. Os voos não retiram a vantagem económica de visitar Istambul: é possível comprar um bilhete de ida e volta para o aeroporto Atatürk por menos de 230 euros.
Frankfurt, Alemanha
Frankfurt é o segundo destino mais barato para quem não quer fazer conversões cambiais, a seguir a Vílnius. A cidade, onde se situa a sede do Banco Central Europeu, não é barata ao nível dos restaurantes e hotéis. Todavia, os voos estão entre os mais baratos: menos de 100 euros para um bilhete de ida e volta para o aeroporto Frankfurt–Hahn, que, no entanto, está a cerca de 120 quilómetros do centro da cidade.
E cinco ótimas opções para fora da Europa
O custo de voar para fora da Europa é mais elevado (entre o dobro e o triplo, em média), mas é, muitas vezes, compensado pelas reduzidas despesas em restauração e estadia.
Cairo, Egito
Entre os 55 destinos avaliados pelo Observador, o Cairo é o que tem o segundo indicador de custos de refeições mais baixo, a seguir a Kiev. Um hambúrguer Big Mac na capital egípcia custa menos de metade do preço praticado em Portugal. Não se restrinja aos restaurantes McDonald’s: vale a pena experimentar o centenário kushari – um prato tradicional composto por arroz, massa, grão, tomate, cebola e lentilhas – e arriscar na cozinha egípcia mais moderna.
Quem visita o Cairo é obrigado a visitar algumas pirâmides, a Grande Esfinge de Gizé e o Museu Egípcio, que alberga o tesouro do faraó Tutancámon. Mesmo isso é barato: a entrada no museu ou o acesso ao Planalto de Gizé (que inclui várias pirâmides e túmulos) custa, no máximo, cerca de 2,70 euros por pessoa.
Joanesburgo, África do Sul
É possível comprar uma viagem para Joanesburgo, com uma escala obrigatória numa capital europeia, por pouco mais de 520 euros. A estes preços juntam-se as despesas reduzidas em alimentação e em alojamento em Joanesburgo. Todavia, é pouco provável que os gastos de uma família que visite a África do Sul se resumam ao transporte, à comida e à dormida. A nação é conhecida pela sua oferta na área da Natureza, com o Parque Nacional Kruger a liderar as atrações turísticas.
Dubai, Emirados Árabes Unidos
A queda do dirame dos Emirados Árabes Unidos pode ser uma oportunidade para os turistas portugueses visitarem o Dubai. A divisa emiradense desceu mais de 14% face ao euro nos últimos 12 meses. Com esta evolução, a despesa em restaurantes pode ser 5% inferior ao que seria em Portugal. Também é possível usufruir de um dos hotéis de quatro estrelas mais altos do mundo, como o Rose Rayhaan by Rotana, por menos de 60 euros por noite num quarto duplo.
Bombaim, Índia
Os guias turísticos dizerem que junho não é o mês ideal para visitar Bombaim, na Índia. A época das monções começa nesse mês, por isso é de esperar chuva todos os dias se visitar a cidade indiana durante o verão português. É por isso que se conseguem bilhetes de ida e volta por pouco mais de 400 euros.
Os custos dos voos aliam-se às baixas despesas com refeições e alojamentos. A maior cidade indiana tem muito para visitar – desde o bairro de Kala Ghoda, rico em museus, às praias de Girgaon –, mas também pode ser um trampolim para explorar a nação.
Telavive, Israel
As agências de viagens raramente promovem Israel como um destino de férias. “A aparente normalidade habitual da vida quotidiana em Israel não deverá fazer esquecer que o país se encontra numa situação de conflito, caracterizada por ações terroristas aleatórias”, alerta a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que desaconselha as regiões junto à Faixa de Gaza, à Líbia e à Síria.
Para quem gosta de praia, Telavive é reconhecida pelas suas praias mediterrânicas. Além disso, a cerca de duas horas, é possível banhar-se no Mar da Galileia, de água doce, ou, para os mais aventureiros, no Mar Morto, de água salgada.