Era uma questão de tempo. Já com alguns milhares de unidades entregues, a Tesla começa agora a ver tornado público, não por sua iniciativa, mas pela mão dos clientes, uma série de características do seu modelo mais acessível, o Model 3. Enquanto não chegam as drag races, as corridas de arranque de que os americanos tanto gostam, entre o 3 e os seus principais rivais na categoria das berlinas desportivas com mais de 4,6 metros de comprimento, do Audi RS4 aos BMW M3 e Mercedes C63 AMG, eis que surge o primeiro teste em banco de ensaio realizado por um cliente. E divulgado.
A Tesla anunciou logo de início que o Model 3 iria estar disponível em duas versões, em termos de capacidade de bateria, uma normal que lhe permitiria percorrer 354 km e outra maior, denominada Long Range, capaz de atingir 499 km (segundo a norma EPA, similar à nova WLTP europeia). Afirmou também que iria disponibilizar duas versões em matéria de motorização, basicamente a que está de momento disponível, com apenas motor atrás e tracção posterior, com a versão com dois motores – logo, mais potente – e tracção integral, a iniciar produção em meados de 2018.
Em termos de potência, o construtor americano revelou que a versão Long Range, a única que está de momento a ser entregue a clientes (a bateria standard surgirá na mesma altura do 3 com Dual Engine), possuiria uma potência de 275 cv, valor que a colocaria longe dos Model S e X, mas que ainda assim lhe permitir liderar confortavelmente a actual oferta de automóvel eléctricos, do Renault Zoe ao Nissan Leaf, passando pelo BMW i3.
O primeiro Model 3 a submeter-se ao banco de ensaio, para determinar a potência, foi uma unidade de cor cinzenta, com o VIN 179x, com tracção posterior, bateria Long Range e acabamentos premium, o que eleva o preço dos iniciais 35.000$ para 57.000$. Depois de calibrado o banco, seguiu-se o primeiro teste, na ânsia de ver até que ponto o carro era capaz de fixar 275 cv como potência máxima da versão menos potente do modelo, com apenas motor atrás. O resultado surpreendeu toda a gente.
Acelerando dos 16 km/h até aos 193 km/h, de forma à gestão electrónica do motor lhe permitir atingir a potência máxima para fazer face ao esforço, um pouco como acontece nos motores de combustão, o banco de ensaio registou 393,6 HP, algo como 399 cv. Quer isto dizer que a Tesla falhou mais uma vez os objectivos, pois se por um lado diz aos clientes que lhes entregou um veículo com 271 HP, o que dá qualquer coisa como 275 cv, a verdade é que está a entregar-lhes 399 cv. É um desvio considerável, mas não nos parece que alguém vá apresentar queixas…