A rede de abastecimento de água em Portugal deverá ser toda renovada em 50 anos, afirmou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, em entrevista ao Jornal de Negócios. “Temos de ter condições para renovar cerca de 2% da rede de abastecimento de água de cada cidade a cada ano”, afirmou o governante, explicando que dessa forma “ao fim de 50 anos temos sempre uma rede nova”.

Nesta operação de renovação da rede serão investidos 100 milhões de euros, 50 milhões dos quais provenientes do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), da União Europeia.

O passo seguinte, sublinha Matos Fernandes, é o aumento da eficiência da gestão da distribuição de água por parte das autarquias, de forma a reduzir a água não faturada, que se deve sobretudo à “inexistência de sistemas de facturação fiáveis”, à “utilização de pressões muito maiores do que as necessárias”, ao “desconhecimento do cadastro das redes” e à “inexistência de piquetes que possam a todo o momento ir tapar uma fuga”.

O ministro do Ambiente sublinhou ainda que se mantém em curso o plano de contingência contra a seca, designadamente o plano para melhor a eficácia do tratamento de águas nas ETARs.

“Nós só reutilizamos 1,5% dos efluentes que são tratados e queremos mesmo criar condições para chegar aos 20%”, disse o governante, lembrando que o sucedido em novembro do ano passado na albufeira de Fagilde, em Viseu, “foi um caso em que aprendemos muito”. Na altura, foi necessário enviar dezenas de camiões-cisterna para transportar água para a albufeira para fazer frente à seca.

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Governo aumenta para quase cem camiões-cisterna ajuda à seca na região de Viseu

Numa outra entrevista, publicada esta segunda-feira no Diário de Notícias, João Pedro Matos Fernandes fez uma antevisão daquilo que Portugal irá apresentar no Fórum Mundial da Água, que arranca esta segunda-feira no Brasil com a presença da maior delegação portuguesa de sempre.

“Portugal vai poder mostrar-se como um país com grande capacidade técnica e institucional, seja na gestão dos recursos hídricos seja na gestão dos sistemas urbanos de água”, afirmou o ministro, afirmando que o país se tem afirmado como bom exemplo: “Nos últimos 20 anos passámos de 50% de água segura na torneira para 98,9%. Podemos beber água da torneira em qualquer parte do país”.

Matos Fernandes lembrou ainda que “Portugal, mesmo sendo um dos países que no contexto mundial têm pouca água, conseguiu, no ano que passou, fazer face à escassez, à seca, graças às infraestruturas que tem e à capacidade de gestão, que permitiu que a água não faltasse na torneira de ninguém”.

Sobre a chuva que tem caído nas últimas duas semanas, Matos Fernandes garantiu que “as coisas estão muitíssimo melhor”, mas “Portugal não vai ter mais água do que a que tem, por isso terá de a saber gerir muito bem”.