Vamos despachar já isto. Foi um jogo fraquinho, fraquinho, fraquinho de Portugal. A seleção portuguesa começou esta sexta-feira o aquecimento para o Mundial 2018, contra o Egipto, e esteve a perder até ao minuto 92, sem fazer nada que justificasse a vitória. Não fosse a magia de Quaresma e a eficácia de Ronaldo, e a a presente crónica seria sobre Mohamed Salah, The Egyptian King.

O primeiro teste da seleção portuguesa antes da aventura russa foi pouco mais do que confrangedor. Perante um adversário que poucos argumentos apresentou, Portugal não conseguiu impor o seu jogo durante largos períodos do encontro. E os problemas estiveram sobretudo no meio-campo e ataque portugueses.

O guarda-redes Beto, que hoje substituiu o insubstituível Rui Patrício, teve pouca intervenção no jogo. Despachou um ou outro lance de maior perigo e ficou isento no lance do golo de Salah. A dupla de centrais, sem ser brilhante, correspondeu: Bruno Alves não facilitou e Rolando, que tentava agarrar a sua oportunidade, teve uma exibição limpa — até marcou um golo, que acabaria por ser (bem) anulado.

Os problemas começaram nas laterais: Raphael Guerreiro, que procura recuperar o ritmo depois de (mais) uma época marcada por lesões, teve muitas dificuldades em marcar a diferença; e Cedric, apesar da raça que mete em cada lance, continua a demonstrar muitas fragilidades nos lances aéreos.

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O meio-campo desiludiu. João Moutinho parece muito longe da sua melhor forma e Rúben Neves, que teve alguns pormenores interessantes, acusou a pressão e perdeu-se em tentativas de passes a rasgar que se revelaram, não raras vezes, infrutíferas. Teste menos positivo para o ex-portista.

Uma das maiores expectativas para este jogo era perceber se Bernardo Silva conseguiria estar à altura do petit nom de “mini-Messi”. Um jogo não faz o jogador, é certo, mas o extremo-direito esteve muitos furos abaixo daquilo que vale. Ainda não foi desta, Bernardo. E João Mário? Vamos esperar que a sombra que vestiu a camisola do ex-Sporting não apareça no próximo Mundial.

Depois há André Silva. O jogador do AC Milan apareceu ao lado de Ronaldo, esforçou-se muito, mas acrescentou pouco. Teve uma tarefa ingrata, mas esperava-se mais. Foi um jogo ao lado para o português.

O jogo ia correndo assim até que ao minuto 56′ Salah (quem mais?) atirou para o fundo das redes portuguesas. Jogada preparada à esquerda do ataque egípcio, bola lançada para o centro e Salah rematou colocado, sem hipóteses para Beto. Os jogadores portugueses limitaram-se a defender com os olhos.

A partir daqui, o jogo entrou numa nebulosa onda de substituições. Do lado português, além dos defesas, só Ronaldo resistiu. E bem. Todos os jogadores que entraram (André Gomes, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Gonçalo Guedes e Ricardo Quaresma) vieram acrescentar mais qualquer coisa ao jogo da seleção. André Gomes impôs o físico, Bruno Fernandes aumentou o poder de tiro, Gelson abriu o jogo e Gonçalo Guedes, embora mais discreto, imprimiu maior velocidade.

E depois há Quaresma. Mesmo com todas as alterações, Portugal fazia pouco mais do que trocar a bola. Mas, ao bom estilo da obra criada por J.K. Rowling, o “Harry Potter” português conjurou o feitiço capaz de abrir fechaduras, disse “Alohomora” e serviu Ronaldo, o inevitável Ronaldo, que de cabeça fez dois golos em dois minutos (92′ e 94′).

Portugal venceu, a exibição não convenceu. Foi o primeiro jogo particular da série de cinco que a seleção portuguesa vai fazer antes do arranque do Mundial 2018, na Rússia. O próximo encontro é já a 26 de março, contra a Holanda. Vamos torcer para que seja bem melhor.