Marques Mendes disse no seu comentário na SIC que a decisão de Portugal de não expulsar diplomatas russos, como já fizeram quase 30 países, não se deveu a questões de “política interna”, ou seja, “para agradar ao PCP e ao BE”. E que também não se deveu ao apoio russo na eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU. Segundo o comentador, houve “vontade de ter uma posição semelhante à de Guterres”, “de moderação”. E, segundo ele, terão até existido “contactos prévios e telefónicos com o ex-primeiro-ministro do PS”. Mas admitiu também que, “embora numa escala de menor relevância”, tenha sido levado em conta “a candidatura de António Vitorino para Alto Comissário das Migrações”, numa eleição marcada para junho.

Mendes discorda contudo da posição do Governo português. “Perdemos no plano dos valores, os nossos valores são os da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, perdemos no plano dos interesses, os nossos interesses estão no quadro europeu e transatlântico, e perdemos na atitude”, disse o comentador. “Neste caso, prudência soa a ambiguidade. E isso não gera credibilidade. Nem nos nossos aliados da UE e da NATO nem na própria Rússia”, concluiu.

O comentador considerou ainda que “está em curso uma significativa mudança na estratégia do PCP e do BE” em que “o PCP afasta-se cada vez mais do Governo e o Bloco, ao contrário, aproxima-se”. Marques Mendes diz que o PCP está farto de engolir “sapos e elefantes” e está traumatizado pela “pancada” que levou nas autárquicas. Já o Bloco “quer aproximar-se do PS para tentar entrar no Governo a partir de 2019 para passar de partido de protesto a partido de poder”. Mendes considera esra mudança na extrema esquerda “mais profunda do que se pensa”.

Mendes elogiou ainda o “défice mais baixo da democracia” alcançado pelo Governo, mas realçando que o “mesmo governo que é o campeão do défice é também o campeão da carga fiscal. Prometeu não aumentar impostos, mas segundo o INE fica para a história como o Governo que alcançou em 2017 a carga fiscal mais alta de sempre”.

E não deixou de fora a banca, começando pelos prejuízos do Novo Banco para criticar a investigação à CGD:  “Sobre tudo isto, há um enorme complô em Portugal. Um complô de silêncio e de encobrimento. Um complô que envolve políticos e não políticos. Um complô que envolve Governo e oposição. Um complô que vai da direita à esquerda. O Ministro das Finanças prometeu uma auditoria à CGD. Ao que parece, ainda não terminou. Será que finalmente vai haver direito à verdade e à transparência? É tempo de nos deixarmos de paninhos quentes e de meias verdades”.

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