O comentador da SIC Luís Marques Mendes diz que Luís Montenegro “não mentiu” sobre a dimensão do alívio fiscal prometido em sede de IRS, mas defende que “não foi claro”, “alimentou desde o início a ambiguidade” e não a “corrigiu”. “É o primeiro caso e casinho da era Montenegro. É um dano de reputação, perda de credibilidade”, afirmou.

Marques Mendes critica, também, a postura do PS e o facto de não ter apontado a ambiguidade antes de o ministro das Finanças esclarecer, na RTP, na sexta-feira que a redução no IRS face ao que foi aprovado pelo anterior governo rondaria os 200 milhões de euros (1.500 milhões dizem respeito ao alívio face a 2023). “[O PS] não tem um economista, um fiscalista que compreende estas matérias?”, questiona.

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“Acho que também há responsabilidade do principal partido da oposição que tem de estar muito mais atento a estas matérias“, afirmou, salientando que foi a Iniciativa Liberal, através do deputado Bernardo Blanco, a interpelar o Governo sobre esta discrepância.

Segundo Marques Mendes, a redução no IRS face ao aprovado pelo governo de António Costa pode chegar a 300 milhões de euros, como o Governo já chegou a admitir. O comentador da SIC acrescenta que podem beneficiar do alívio 3,475 milhões de agregados familiares e que as “maiores reduções” serão no 5.º escalão (entre 21.321 euros e 27.146 euros por ano) e 6.º escalão (entre 27.146 euros euros a 39.791 euros). “Todos os que pagam IRS vão ser beneficiados, mas o efeito maior vai ser para a classe média”, vincou.

Marques Mendes insiste com correção de “injustiça” nas pensões

Luís Marques Mendes voltou a insistir com a correção do que considera ser uma “injustiça” para os pensionistas, uma vez que a lei prevê que quem se reforma só pode ver a sua pensão atualizada dois anos depois da aposentação. Em causa está o artigo sobre a atualização de pensões da lei 52, de 2007, que refere que “as pensões de aposentação, reforma e invalidez são atualizadas anualmente, a partir do segundo ano seguinte ao da sua atribuição, com efeitos a partir do dia 01 de janeiro de cada ano, em função do seu montante”.

Marques Mendes diz que é “injusto” e que a ex-ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, “tinha legislação pronta” para resolver a questão, “mas não foi aprovada talvez por estar em período de gestão”, admite. Se a “legislação está pronta”, o comentador não vê razão para que o novo Governo não lhe dê seguimento, e pede que “não deixe cair em saco roto”.

A questão já foi levantada pelo social-democrata noutras ocasiões do comentário político. Um movimento de reformados e pensionistas avançou com uma queixa à Provedoria de Justiça para que a situação seja corrigida.

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Sobre as negociações para a reposição do tempo de serviço dos professores e o suplemento da PSP e GNR, Marques Mendes diz que é uma “área delicada” pelos “precedentes que se abrem“. “Há outros grupos profissionais que se vão chegar à frente, que o Governo tem de ter em atenção”, afirmou.

Aparição de Passos Coelho “fragiliza Luís Montenegro”

É “questionável” a apresentação do livro “Identidade e Família” pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho nesta altura, entende o social-democrata. Marques Mendes frisa que Passos Coelho “tem o direito de aparecer e de ter as suas opiniões”, mas também considera que, tendo em conta a sua intervenção, a aparição do ex-governante “fragiliza Luís Montenegro”, embora entenda que “não teve essa intenção”.

“Toda a gente sabe que, em matéria de coligações, Passos Coelho tem uma opinião diferente em relação ao Chega [face a Luís Montenegro]”, afirmou. “Passos Coelho vem ajudar à festa dos seus adversários [no Parlamento]”, disse.

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Já sobre a descida do processo da Operação Influencer que envolve o ex-primeiro-ministro António Costa do Supremo Tribunal de Justiça  para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Marques Mendes volta a pedir uma “explicação” à Procuradoria-Geral da República sobre a existência do polémico “parágrafo” que, após ser conhecido, acelerou a demissão de António Costa.

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“Aquele parágrafo daquele comunicado não tinha de existir, podia haver investigação se havia razões para isso, mas não tinha de ser divulgado como a maior parte das investigações não são divulgadas”, sublinhou. “O comunicado dá ideia de urgência, passaram cinco meses e não há nem um primeiro interrogatório do visado. Isto deve ser explicado.”