O departamento de estudos económicos do Standard Bank considerou que o acordo alcançado entre Angola e o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode contribuir para melhorar o clima empresarial e ajudar a diversificação da economia.
“As reformas para melhorar o clima económico para atrair investimento direto estrangeiro de longo prazo e diversificar a economia podem ter um impulso devido à assinatura Instrumento de Coordenação de Políticas” (PCI, no original em inglês), dizem os analistas.
No mais recente relatório sobre os mercados financeiros africanos, a que a Lusa teve acesso, os analistas do Standard Bank acrescentam que, no seguimento da aprovação da emissão de dívida pública de 2 mil milhões de dólares e a moratória de seis meses para o repatriamento de capitais, esperam que o Governo “estude a possibilidade de abrir as transações financeiras para investidores estrangeiros como medida de curto prazo”.
A opinião do Standard Bank surge na sequência do anúncio, esta semana, de um acordo entre o Governo e o FMI sobre ajuda técnica para relançar o crescimento económico e diversificar a economia, através de mais de cem medidas a implementar ainda este ano para melhorar as políticas fiscal, cambial e monetária, bem como garantir maior solidez ao setor financeiro, segundo o Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), apresentado em janeiro.
No mesmo comunicado divulgado na quarta-feira, o Ministério das Finanças recorda que a economia angolana enfrenta, desde o segundo semestre de 2014, “um período económico e financeiro adverso”, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, o que “teve sérias implicações nas contas fiscais do país, na balança de pagamentos, no mercado cambial e na economia real”.
O Governo sublinha ainda que “tem adotado várias medidas de gestão conjuntural para amortecer os impactos do choque do preço do petróleo”, nomeadamente de natureza fiscal, monetária e comercial, considerando mesmo que “o impacto do preço do petróleo exige igualmente a adoção de medidas estruturais e institucionais para o reforço da resiliência financeira e económica do país”.
Depois do anúncio do acordo, os analistas do Banco de Fomento Angola (BFA) consideraram que o pedido de apoio do Governo angolano vai apenas institucionalizar a cooperação já existente e melhorar a imagem externa.
“De facto, este programa não deverá constituir uma mudança significativa no cenário macroeconómico para Angola”, refere uma nota ao mercado do BFA, a que a Lusa teve acesso, sublinhando que “os principais problemas”, como a elevada dívida, com concentração de reembolsos no curto prazo, inflação persistentemente alta, disparidade no câmbio e a dependência quase absoluta do petróleo, permanecerão a curto e médio prazo, “independentemente da existência do programa”.