As obras para a reabilitação da Ponte 25 de Abril vão implicar restrições no tráfego que levarão ao corte total do trânsito em quatro noites em cada sentido (oito no total) no próximo ano. O presidente da Infraestruturas de Portugal revelou, esta quarta-feira no Parlamento, que esses cortes serão efetuados entre a meia noite e meia e as oito e meia da manhã do dia seguinte, para permitir uma intervenção em toda a infraestrutura.

No sentido Norte/Sul, os cortes estão previstos para os dias 18 e 19 de maio e 13 e 28 de outubro. No sentido Sul/Norte, as interrupções serão efetuadas nos dias 11 e 12 de maio e 12 e 19 de outubro de 2019. As datas indicadas por António Laranjo coincidem com madrugadas de fins de semana e foram anunciadas durante uma audição na comissão de obras públicas do Parlamento sobre as obras de reabilitação da Ponte 25 de Abril.

O responsável admitiu ainda que esses cortes não serão suficientes para fazer todos os trabalhos necessários. Ao longo dos dois anos que deve durar a intervenção, haverá condicionamentos com a supressão de faixas do tabuleiro rodoviário, sempre no sentido em que se registar menor tráfego, e durante a noite. Os cortes de uma a duas faixas de circulação vão ocorrer entre as duas e as seis da manhã e os responsáveis da empresa estão convictos, com os estudos de tráfego disponíveis, que este horário permitirá minimizar o impacto no trânsito.

Na circulação ferroviária não estão previstas restrições. Os corte de catenária para permitir intervenções serão efetuados entre 01.30 e a o5.00, período em que os comboios não passam na ponte.

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O presidente da IP garantiu ainda que a Ponte 25 de Abril é a “obra mais segura da nossa rede”, permanentemente monitorizada,  e ainda a mais usada. Cerca de 100 milhões de passageiros, ente carro e comboio, passam lá todos os anos. “Conhecemos tudo o que está a acontecer na ponte ao dia”.

António Laranjo revelou ainda que há dez empresas interessadas no concurso internacional para a empreitada principal que está orçada em 18 milhões de euros. As propostas serão entregues no dia 18 de junho. O contrato deverá ser assinado em agosto e a consignação da obra prevista para outubro, mas será necessário obter o visto do Tribunal de Contas.

Questionado sobre a urgência da intervenção sinalizada em relatórios técnicos de monitorização da ponte, o presidente da IP respondeu que esta é “uma obra de prioridade, mas não é uma obra urgente”. Se fosse urgente, seria necessário atuar de imediato e impor restrições ao tráfego mais acentuadas , sublinhou ainda o presidente da IP. “Não fizemos a obra com interrupções de tráfego, porque a ponte está monitorizada e isso dá-nos a garantia” de que se pode planear esta obra para a terminar em 2020. Se os prazos normais forem cumpridos ainda haverá execução da obra este ano, acrescentou.

O conjunto de quatro empreitadas, com um custo que vai além dos 22 milhões de euros, implicou que a obra fosse planeada e preparada antecipadamente e tivesse sido prevista no plano de atividades. “E foi isso que fizemos” no final de 2017 para lançar o concurso em 2018. O presidente da IP destacou ainda as grandes condicionantes ambientais da execução desta obra, porque não pode haver qualquer resíduo a cair para o rio ou para as suas margens, o que implica uma grande logística.

Sobra a causa por trás destas obras, António Laranjo atribui as fissuras detetadas na estrutura da Ponte 25 de Abril, ao impacto da introdução do comboio no final do século passado. Recorda que estas fissuras foram detetadas logo em 2006, tendo até havido uma reparação no final da década passada. Destaca ainda que o desgaste detetado pelos trabalhos de monitorização da ponte, elaborados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o Instituto de Soldadura e Qualidade,  aconteceu de forma gradual e não foi súbito.

Se obra não avançar, tráfego ferroviário na Ponte 25 de Abril terá de ser reduzido

A audição do presidente da Infraestruturas de Portugal surge na sequência de relatórios do LNEC e do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) que apontavam para a necessidade urgente de obras de reabilitação na infraestrutura da Ponte 25 de Abril, que aguardavam a autorização do Ministério das Finanças. A luz verde surgiu na semana em que os alertas dos relatórios técnicos foram tornados públicos. Os deputados insistiram em perceber as condições que levaram a esta empreitada e se ela foi feita no tempo adequado. E lamentaram ainda não ter recebido o relatório do ISQ onde é sinalizado o risco de colapso de alguns elementos da estrutura se nada for feito para o impedir. António Laranjo admitiu entregar esses relatórios feitos para a IP ao Parlamento.