No final de uma semana em que teve de emitir uma nota – na qual exigia, mais uma vez, o total esclarecimento do roubo das armas de Tancos – e na qual o ministro da Defesa esteve no parlamento a dar explicações aos deputados sobre o incidente, Marcelo Rebelo de Sousa diz que não viu quaisquer factos novos relacionados com a investigação ao caso.

“Factos novos não vi nenhuns. Em relação aos factos que realmente se conhecia, há notícias, há fontes que dizem que é assim ou que não deixa de ser, mas factos provenientes de uma investigação que está a decorrer em Segredo de Justiça, não conheço (…) Pode ser que venham a existir, quando existirem – e sabem como eu gostaria que existissem o mais depressa possível -, pronuncio-me”, disse o Presidente da República à margem de uma cerimónia em Lisboa.

O chefe de Estado – que é o comandante supremo das Forças Armadas – salientou que no domingo fez sair uma nota sobre o assunto, mas que “depois não houve factos novos que justificassem uma nova tomada de posição”. E por isso mesmo, disse que, “até haver factos novos provenientes de instituições com poder para investigar, não faz sentido estar a comentar”.

O chefe de Estado foi questionado pelos jornalistas sobre as respostas dadas pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, na comissão parlamentar de Defesa Nacional, na terça-feira, e, perante a insistência das perguntas, reiterou não existirem novidades factuais.

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O ministro da Defesa afirmou na terça-feira que não teve conhecimento da “alegada discrepância” quanto à recuperação do material militar furtado em Tancos e que aguarda “calmamente” uma “aclaração” por parte do Ministério Público.

Azeredo Lopes sustentou que “o bom senso político obriga” a que se espere “calmamente que essa aclaração venha a verificar-se, ou seja, que se venha a saber e, se sim, porque é que se se verifica uma alegada discrepância quanto àquilo que foi recuperado”.

O deputado do PSD Pedro Roque referiu-se a notícias do jornal Expresso, no sábado, dizendo que “continua a monte e à solta” material furtado em Tancos, em junho do ano passado, que “aparentemente todos julgavam” que tinha sido recuperado, já que em outubro foi divulgado que o material foi encontrado “à exceção de munições de 9 mm”.

A notícia do Expresso, há uma semana, levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a fazer um novo comunicado sobre esta matéria, na página oficial da Presidência da República, reafirmando a exigência de esclarecimentos cabais de modo “ainda mais incisivo e preocupado”.

“E tem a certeza de que nenhuma questão envolvendo a conduta de entidades policiais encarregadas da investigação criminal, sob a direção do Ministério Público, poderá prejudicar o conhecimento, pelos portugueses, dos resultados dessa investigação. Que o mesmo é dizer o apuramento dos factos e a eventual decorrente responsabilização”, acrescenta ainda o chefe de Estado.

O furto de material militar dos paióis de Tancos – instalação entretanto desativada – foi detetado a 28 de junho durante uma ronda móvel, pelas 16:30, por um sargento e um praça ao serviço do Regimento de Engenharia 1. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e grande quantidade de munições.

A 18 de outubro passado, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção das munições de 9 milímetros. Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do que tinha sido roubado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.