Há duas semanas, a estrela com o nome de Donald Trump no Hollywood Walk of Fame foi destruída com uma picareta. Esta terça-feira, vários meios de comunicação social internacionais avançavam que a estrela iria ser removida, algo que nunca tinha acontecido na história do passeio que homenageia os principais nomes do entretenimento norte-americano. Mas, afinal, a decisão não é assim tão simples.

A assembleia municipal de West Hollywood decidiu, de facto, remover a estrela do presidente dos Estados Unidos do Hollywood Walk of Fame. O problema é que, apesar de ficar a poucos metros, a estrela com o nome de Donald Trump não fica em West Hollywood – mas sim em Beverly Hills.

A resolução aprovada baseia a decisão na forma como o presidente dos Estados Unidos trata as mulheres e na separação de famílias de imigrantes na fronteira. Contudo, a assembleia municipal de West Hollywood não tem qualquer jurisdição para tomar esta decisão e tudo o que pode fazer é pedir às autoridades competentes – a Câmara do Comércio de Hollywood, Beverly Hills e a cidade de Los Angeles – que façam aquilo que não pode. Algo que será muito complicado.

A única celebridade a quem foi negada uma estrela no Hollywood Walk of Fame foi Charlie Chaplin, em 1956. Ainda assim, as situações são diferentes: o ator de “Tempos Modernos” não tinha o seu nome em nenhuma estrela e essa possibilidade foi recusada devido à moralidade sexual e visões políticas de Chaplin. Só 16 anos mais tarde, em 1972, é que Charlie Chaplin teve uma estrela no Hollywood Walk of Fame.

E até as preocupações sobre a forma como Donald Trump se refere ao sexo feminino podem ser consideradas insuficientes. No princípio do ano, no auge do movimento #MeToo, foram entregues várias petições que pediam a retirada das estrelas de Kevin Spacey, Bill Cosby ou do realizador Brett Ratner. E nem aí a a Câmara do Comércio de Hollywood cedeu. “Uma vez adicionada ao Hollywood Walk of Fame, uma estrela é considerada parte da estrutura histórica. É por isto que nunca removemos qualquer estrela”, disse num comunicado citado pelo The Guardian.

Austin Clay, que há duas semanas transportou uma picareta numa mala de guitarra para depois destruir a estrela com o nome de Donald Trump, não foi o primeiro a vandalizar o local. A estrela já foi circundada por um pequeno muro, em alusão àquele que o presidente dos Estados Unidos quer construir na fronteira com o México, já foi pintada com insultos e suásticas e até uma sanita dourada já foi colocada naquele local. Austin Clay vai ser julgado e enfrenta uma pena de prisão que pode ir até três anos.

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