A história surpreendeu tudo e todos e acabou de forma trágica. Um funcionário da Horizon Air, companhia pertencente ao grupo da Alaska Air, entrou num avião de passageiros vazio no Aeroporto de Seattle na noite de sexta-feira (madrugada em Portugal) e roubou a aeronave. Esteve uma hora no ar, foi perseguido por caças militares e acabou por se despenhar na ilha Ketron, aparentemente sem provocar outras mortes para além da do próprio mecânico.

Avião roubado por mecânico no Aeroporto Internacional de Seattle despenhou-se. Terá sido perseguido por dois caça F-15

Um dia depois do incidente, a família do homem de 29 anos identificou-o publicamente como sendo Richard Russell. “Isto é um choque total para nós”, declarou a família num comunicado aos media. Russell, mais conhecido por “Beebo” entre os familiares e amigos, trabalhava na Horizon Air há mais de três anos, não havendo qualquer relato de problemas no trabalho. “Parecia que os colegas gostavam dele”, resumiu ao Seattle Times Rick Christenson, antigo supervisor da Horizon Air.

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O CEO do grupo Alaska Air, Brad Tilden, esclareceu em conferência de imprensa este domingo que Russell tinha autorização de segurança para estar em zonas reservadas do aeroporto, devido ao seu cargo dentro da empresa. Para além disso, o responsável da empresa explicou que “Beebo” não tinha antecedentes criminais, que passou em todos os exames para entrar na empresa, que no dia do incidente estava de uniforme e que fez um turno na sexta-feira. Tinha também autorização para rebocar aviões e estacioná-los.

“Ele tinha acesso legítimo àquela área”, resumiu Mike Ehl, diretor de operações do Aeroporto de Seattle. “É dentro do perímetro de segurança e portanto não ocorreu nenhuma violação da segurança.”

O FBI excluiu a hipótese de terrorismo, mas continua a investigar o incidente. “Neste momento pensamos que ele era o único que estava dentro da aeronave, mas claro que ainda não conseguimos confirmar isso no local onde o avião se despenhou”, explicou Jay Tabb, do gabinete do FBI em Seattle. No Twitter, o organismo explicou que vai investigar o passado de Russel e “rever todos os aspetos com os parceiros públicos e privados relevantes”.

O incidente tem levantado várias questões acerca da segurança dentro dos aeroportos. Les Abend, analista de aviação da CNN, explica que um trabalhador com as funções de Russel tem normalmente acesso à pista, depois de ter passado por uma série de verificações prévias, nomeadamente ao nível do cadastro. ”

A resposta à questão premente sobre se é feito algum exame relativo a doenças mentais é ‘não'”, explica o analista, referindo-se ao dado avançado pelo gabinete do xerife local de que Russell poderia estar com pensamentos suicidas. “A não ser que as verificações prévias encontrem um rasto de documentação que revele um tratamento para problemas mentais, a companhia aérea não teria forma de saber.”

“As camadas de segurança física nos aeroportos não estão desenhadas para proteger contra isto”, resumiu à CNBC Jeff Price, consultor de segurança na área da aviação. Atualmente, o que existe é apenas um protocolo que determina que ninguém deve entrar sozinho num avião, o que aconteceu aparentemente sem ninguém reparar.

A estranheza deste incidente só deixa uma certeza: “Este vai ser um evento de grande aprendizagem para a indústria”, resumiu o analista de aviação Justin Green à CNN.