“O Predador”

À míngua de ideias originais e sem vontade para correr riscos, Hollywood insiste nas continuações, nas franquias e nos remakes para continuar a pôr produto nos cinemas. Este “O Predador” não é uma nova versão do excelente filme original e com o mesmo título que John McTiernan realizou em 1987, com Arnold Schwarzenegger, mas sim a sexta entrada desta série, sucedendo a “Predadores”, de Nimród Antal (2010). Desta vez, um rapazinho causa acidentalmente o regresso à Terra dos alienígenas caçadores interplanetários. Estes estão mais fortes, mais inteligentes e mais perigosos do que nunca, ao terem-se enriquecido por via genética com o ADN das várias espécies galácticas que caçam por desporto. Shane Black (“Kiss Kiss Bang Bang”, “Bons Rapazes”) realiza e assina o argumento, a meias com o veterano Fred Dekker.

“Mariphasa”

Ainda mais fugidio, “cerebral”, desconcertante — e exasperante — do que “A Zona” (2008), “Mariphasa”, a primeira longa-metragem de Sandro Aguilar, é um filme que, pela recusa das convenções da narratividade e linearidade, da proposta de um sentido final e da mais elementar legibilidade, se põe voluntariamente fora das regras do jogo cinematográfico. Ou o aceitamos e entramos nele de cabeça, ou o recusamos em bloco. Há uma planta que não existe que dá título ao filme, há uma atmosfera soturna e pesada de degradação urbana, há vagas personagens que se relacionam de forma quase sempre brusca e se comportam de forma aleatória, há uma canção recorrente de Bob Seger, há um trabalho cuidadosíssimo de imagem e de som e pode ser tudo (ou não) um delírio da mente ou um pesadelo. Mas nada é claro, explicado, óbvio. Com António Júlio Duarte, Albano Jerónimo e Isabel Abreu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O Espectador Espantado”

O que é que significa ser espectador de cinema? É a pergunta que Edgar Pêra põe neste filme-ensaio em 3D estreado no DocLisboa 2016. E para ter respostas, ou pelo menos opiniões muito variadas e até contraditórias, o realizador ouve nomes de áreas tão variadas como o pensamento, a crítica, a neurologia ou o ensaio, caso de Eduardo Lourenço, Laura Mulvey e Augusto M. Seabra, e também realizadores como Guy Maddin ou F.J. Ossang. “O Espectador Espantado” não se fica por aqui, prolongando as suas interrogações para o sentimento de espanto de quem vê o que se desenrola na tela e para as formas que o cinema pode vir a ter no futuro, havendo quem questione a sua sobrevivência nas salas. Tudo isto é ilustrado por Pêra com inventividade e sobre-excitação visual, embora por vezes metendo-se no caminho de quem calha estar a falar.

“Do Jeito que Elas Querem”

Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen interpretam amigas na terceira idade, ricas, com vidas confortáveis e carreiras de sucesso, que se conhecem desde os anos 70 e que todos os meses se juntam para comentar um livro que escolheram ler e beber vinho. Diane (Keaton) enviuvou recentemente de um marido fiel mas aborrecido, e as duas filhas querem que vá viver com elas para o Arizona; Sharon (Bergen) é juíza, separou-se do marido que a trocou por uma rapariga nova, e desde aí nunca mais quis nada com o sexo oposto; Vivian (Fonda) é dona de um hotel de luxo e coleciona relações casuais; e Carol (Steenburgen) tem um restaurante e um marido recém-reformado que se deixou cair na rotina conjugal. As suas vidas vão mudar depois de lerem As Cinquenta Sombras de Grey. “Do Jeito que Elas Querem” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.