Há um ano, o FC Porto estreava-se na Taça da Liga frente a um Leixões militante na II Liga como claro favorito em campo e à vitória final do grupo. Se a liderança e consequente passagem à fase seguinte até aconteceram, o triunfo sobre o clube de Matosinhos não passou de uma miragem, com dragões e Leixões a empatarem a zero na jornada inaugural da prova.
Ficha de jogo
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FC Porto-Desp. Chaves, 1-1
1.ª jornada do grupo C da Taça da Liga
Estádio do Dragão, Porto
Árbitro: Vítor Ferreira (AF Braga)
FC Porto: Vaná, João Pedro, Felipe, Diogo Leite, Alex Telles; Otávio (Aboubakar, 84′), Danilo, Herrera; Corona (Brahimi, 60′), Marega e Adrián Lopez (Hernâni, 72′)
Suplentes não utilizados: Casillas, Éder Militão, Óliver e Marius
Treinador: Sérgio Conceição
Desp. Chaves: António Filipe; Brigues (André Luís, 80′), Nuno André Coelho, Marcão, Luís Martins; Jefferson, Eustáquio, Bruno Gallo; Perdigão, Niltinho (Avto, 72′) e William (Filipe Melo, 86′)
Suplentes não utilizados: Ricardo, Ghazaryan, João Teixeira e Platiny
Treinador: Daniel Ramos
Golos: Hernâni (74′) e Eustáquio (83′)
Ação disciplinar: cartão amarelo para Niltinho (30′), Marega (42′), Luís Martins (42′), Eustáquio (45′), Diogo Leite (58′), Jefferson (73′), Otávio (76′), William (76′) e Aboubakar (90′). Cartão vermelho para Sérgio Conceição (45′)
E, na antevisão à estreia deste ano, frente ao Desp. Chaves, Sérgio Conceição recordava o nulo da temporada passada, desvalorizando as facilidades portistas frente aos flavienses na primeira jornada do Campeonato, que terminou com a goleada azul e branca por 5-0. “Lembro-me de, no ano passado, do início do nosso trajeto na Taça da Liga, em que empatámos com o Leixões em casa. Deram uma excelente resposta, uma grande réplica. Fiz poucas mudanças e não foi por isso que uma equipa da II Liga deixou de fazer uma boa exibição aqui“, avisou o técnico.
E é caso para dizer que não foi por falta de aviso que os dragões voltaram a não fazer melhor do que uma igualdade na estreia na Taça da Liga. Com Danilo de regresso à titularidade oito meses depois e João Pedro, reforço brasileiro, a estrear-se na direita da defesa azul e branca, o FC Porto entrava em campo para inverter uma tendência pouco animadora: nas últimas três temporadas, nunca o conjunto portista tinha vencido na estreia na Taça da Liga.
E também não foi frente ao Desp. Chaves que o FC Porto conseguiu reverter a história, numa partida que não teve qualquer comparação com a do Campeonato: os dragões mostraram-se menos acutilantes, inspirados e eficazes; os flavienses aprenderam com os erros e ergueram uma barreira defensiva segura, capaz de anular as intenções de Sérgio Conceição.
⚠Pela 4.ª época consecutiva, o FC Porto não vence o jogo de estreia na Taça da Liga, sempre em casa:
➡2015/16 D 1×3 Marítimo
➡2016/17 E 0x0 Belenenses
➡2017/18 E 0x0 Leixões
➡2018/19 E 1×1 Chaves pic.twitter.com/nEsUmR0ie1— Playmaker (@playmaker_PT) September 14, 2018
O FC Porto entrou a todo o gás e, logo na primeira aproximação à baliza do Desp. Chaves, quase inaugurou o marcador, com um calcanhar improvável do central Filipe a desviar a bola com a direção certa, mas António Filipe estava atento e impediu danos maiores para os flavienses.
Dez minutos depois, novamente perigo para a baliza flaviense, novamente Filipe no centro das atenções, depois de Alex Telles cruzar para a área e o central brasileiro saltar mais alto para cabecear, mas o guardião do Desp. Chaves voltou a mostrar-se seguro e agarrou o remate.
????O livre de Alex Telles que Felipe emendou de cabeça#FCPorto #FCPGDC pic.twitter.com/nDJ1YLeLg0
— FC Porto (@FCPorto) September 14, 2018
Com 20 minutos jogados, Daniel Ramos mostrava-se descontente com a prestação da sua equipa e gritava para dentro do relvado, com o guarda-redes António Filipe a funcionar como porta-voz da equipa, pedindo aos seus jogadores que conservassem a posse da bola ao invés de a entregar rapidamente ao resultado.
E esse estava a ser o maior problema dos flavienses no encontro: a incapacidade para ter o esférico em sua posse. Quase de sentido único, a partida desenrolava-se no meio-campo defensivo dos forasteiros, que apenas aliviavam o perigo com um chutão para a frente, voltando a correr riscos a cada investida azul e branca, como foi exemplo o leve desvio de Marega, que podia ter tido efeitos mais nocivos para o Desp. Chaves.
Não é que as instruções de Daniel Ramos tenham dado resultado, na medida em que o Desp. Chaves pouca ou nenhuma bola conseguia conservar, mas a verdade é que, dos 22 aos 40 minutos, não mais o FC Porto incomodou a baliza dos forasteiros. Se a capacidade para atacar parecia nula, a organização defensiva dos visitantes mostrava-se eficiente e os dragões começavam a revelar dificuldades para construir oportunidades de golo.
Foi a cinco minutos do descanso que surgiu a melhor ocasião, pela cabeça de Herrera: o mexicano aproveitou um bom trabalho do compatriota Corona no corredor esquerdo para surgir solto na área e cabecear com perigo, mas ao lado do alvo. Era a melhor oportunidade da partida até então e a última de um primeiro tempo que teve mais FC Porto, mas onde o Desp. Chaves conseguiu anular as tentativas azuis e brancas de repetir a vitória da primeira jornada da Liga — por esta altura, nesse encontro, o FC Porto já vencia por 3-0.
Para o início do segundo tempo, a única alteração nos dragões acontecia no banco de suplentes: o adjunto Vítor Bruno assumiu os comandos da equipa, com Sérgio Conceição, que desceu para os balneários antes do apito de Vítor Ferreira para o intervalo, a encontrar-se nos camarotes do Dragão. O técnico azul e branco terá sido expulso já no túnel de acesso aos balneários por palavras dirigidas ao árbitro da partida.
Dentro das quatro linhas, o filme do jogo permanecia igual, com os dragões a mostrarem vontade, mas pouca inspiração, e o Desp. Chaves a manter-se certinho, sem grandes riscos, na sua zona defensiva. Danilo tentou assustar com o pé esquerdo, mas o remate saiu ao lado, tal como a ameaça de Perdigão, que atirou cruzado mas longe da baliza defendida por Vaná.
Qualquer semelhança entre este encontro e o duelo entre as duas equipas para o Campeonato era mera coincidência e quem esperava facilidades para os azuis e brancos rapidamente as tirou da cabeça. Se na goleada por 5-0 não fartaram oportunidades de golo ao FC Porto e a eficácia foi palavra de ordem, na partida da Taça da Liga reinava a desinspiração dos dragões e o acerto defensivo dos flavienses.
Com 70 minutos jogados, as bancadas do Dragão já só pediam um golo que trouxesse os primeiros três pontos neste grupo C, afastando as esperanças de goleada para uma outra ocasião. E, no relvado, Hernâni fez-lhes a vontade: recém entrado, o extremo português aproveitou uma série de remates dos dragões para, mais lesto do que os opositores, encher o pé e rematar prensado num adversário, levando o esférico a aninhar-se no fundo das redes.
Mas, quando nada o fazia prever, a resposta flaviense não se fez esperar e, numa altura em que o Chaves já jogava com dois avançados, Avto cruzou largo para o segundo poste, onde apareceu Eustáquio para o desvio certeiro que fez o empate a uma bola. Era o balde de água fria no Dragão, menos de dez minutos após os festejos da vantagem.
Até final, foi o tudo por tudo dos dragões e o sofrer a bom sofrer por parte do Chaves. A equipa da casa tentava chegar ao golo da vantagem e, já nas compensações, até se festejou nas bancadas, mas Aboubakar desviou a bola com o braço e o golo foi anulado pela equipa de arbitragem, naquele que foi o último lance da partida.
Ainda não foi desta que o FC Porto entrou com o pé direito na Taça da Liga, a única prova nacional que continua a fugir ao palmarés azul e branco.