O Bloco de Esquerda propôs ao Governo que duplicasse o aumento salarial da função pública de 5 euros — que foi a proposta inicial do Executivo — para 10 euros para todos os funcionários públicos. O Governo ficou de avaliar as propostas feitas pelo partido no conjunto do Orçamento do Estado para o próximo ano. As partes ficaram de volta a falar no início da próxima semana, apurou o Observador junto de várias fontes com conhecimento das reuniões que ocorreram na noite desta quarta-feira.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, os seus secretários de Estado do Orçamento, dos Assuntos Fiscais e do Tesouro, e o ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, estiveram na Assembleia da República para se reunirem com os responsáveis pelas negociações orçamentais do PCP e do Bloco de Esquerda e ainda o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, na noite desta quarta-feira. Destes encontros não saíram ainda decisões sobre as matérias mais importantes, como é o caso dos aumentos salariais na Função Pública, do aumento extraordinário de pensões e das questões relacionadas com uma eventual descida do preço da eletricidade.

Na sua primeira proposta feita aos partidos, o Governo propôs três modalidades para aumentar os salários dos funcionários públicos: uma em que subiriam apenas os salários mais baixos; uma segunda que abrangeria um lote mais vasto de funcionários, mas no qual o aumento fosse menor; uma terceira em que o aumento fosse para todos, mas em menor valor. O aumento para todos os funcionários públicos seria de 5 euros e todas as propostas teriam um custo para o orçamento inferior a 50 milhões de euros.

O PCP remeteu a questão para os sindicatos, com os quais o Governo tem de negociar as questões salariais na Função Pública. O Governo vai receber esta quinta-feira à tarde, no Ministério das Finanças, os sindicatos da função pública com a questão dos aumentos em cima da mesa, mas até ao momento da publicação deste artigo os sindicatos permaneciam sem informação sobre uma proposta do Governo nesta matéria.

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Depois dos comunistas, foram os bloquistas que se reuniram com o Governo e com uma proposta concreta sobre os salários da função pública. O Bloco de Esquerda, que pediu mais ao Governo inicialmente, propôs que o aumento dos salários possa vir a abranger todos os funcionários públicos e que chegue, pelo menos, aos 10 euros — sendo que esta pode não ser a proposta final do partido. O partido propôs ainda que seja garantido que ninguém na Função Pública ficará a ganhar menos que 635 euros.

O Governo não deu sinal qualquer sinal no sentido de alterar a sua proposta inicial, propondo-se apenas a avaliar a proposta feita pelo Bloco de Esquerda durante o fim-de-semana que se aproxima, tendo em conta também as restantes propostas incluídas no documento que terá de ser apresentado no dia 15 de outubro ao Parlamento. O Executivo mostrou, no entanto, abertura para avaliar a medida no contexto global do Orçamento do Estado, mas sem garantir que a medida seria incluída nos moldes propostos pelo parceiro.

Quanto ao aumento de pensões, ficou claro o acordo sobre a necessidade de voltar a fazer um aumento extraordinário, tal como avançou o Observador, embora sem ainda ficar fechada a forma como isso será feito. E sobre a redução do IVA na eletricidade — que o primeiro-ministro disse ser dificilmente “comportável” ainda esta segunda-feira — a posição do Governo perante os parceiros não foi fechada. Ou seja, ainda está a ser estudada uma solução e não foi posta de parte a questão do IVA.

O Governo e os partidos vão voltar a reunir-se na próxima semana, desta vez sim para fechar os temas mais importantes do documento, com os partidos ainda à espera de respostas mais concretas sobre estes temas. A entrega do Orçamento do Estado tem de acontecer até ao dia 15 de outubro, que este ano calha a uma segunda-feira.