O líder do grupo de contacto para as negociações de paz em Moçambique disse, esta segunda-feira, esperar que o diálogo prevaleça, depois de a oposição ter ameaçado abandonar as conversações devido a fraudes eleitorais.

“Encorajamos a que as linhas de comunicação se mantenham abertas”, referiu o embaixador da Suíça em Moçambique, Mirko Manzoni, em comunicado, acrescentando que “o recurso à violência nunca é a resposta” e que tal “é inaceitável”.

A polícia foi obrigada a intervir nalguns municípios onde a discordância com os resultados das eleições autárquicas de quarta-feira gerou confrontos.

No sábado, o líder interino da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, ameaçou abandonar a mesa das negociações, se os casos de fraude não forem resolvidos, nomeadamente na Matola, segundo maior município do país, Monapo, Alto Molócué e Moatize.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O presidente do grupo de contacto, de seis países mais a União Europeia, considera que há instituições e recursos para apurar o que se passou, apelando a que as “instituições respondam a todas as preocupações de forma justa e transparente”.

Renamo denuncia irregularidades seis horas após abertura das urnas em Moçambique

“As eleições decorreram num ambiente de otimismo, com as lideranças do país comprometidas com o processo”, acrescentou.

“Assistimos a reais progressos nos últimos meses e o objetivo de alcançar a paz duradoura já se vislumbra no horizonte. Seria uma oportunidade perdida se estas conquistas e estabilidade a longo prazo fossem desperdiçadas”, concluiu.

Os EUA, que também fazem parte do grupo de contacto, expressaram hoje preocupação “em relação às irregularidades reportadas em algumas autarquias” nas eleições de quarta-feira, lê-se num comunicado da embaixada norte-americana em Maputo.

“É do nosso conhecimento que há mecanismos legais estabelecidos para atender e investigar reclamações eleitorais. Uma resolução transparente, expedita e pacífica destas questões através de canais legais existentes irão ajudar a fortalecer a confiança no processo eleitoral”, concluiu.

Fazem parte do grupo de contacto a Suíça, Estados Unidos, Botsuana, China, União Europeia, Noruega e Reino Unido.