A escolha do Montijo para receber o futuro aeroporto divide os autarcas do distrito de Setúbal entre os que estão a favor, como Alcochete e Montijo e os que estão contra, como Moita e Seixal.

É na Base Aérea n.º6, no Montijo, que esta infraestrutura pode ser instalada e, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal, Nuno Canta (PS), não podia mostrar mais satisfação com essa possibilidade.

“Esta é uma infraestrutura que nos vai permitir um novo período de desenvolvimento, um novo período de criação de empregos e, particularmente, uma nova abordagem a uma das atividades económicas que hoje mais predomina no país e na região de Lisboa, que é o turismo”, avançou.

Com vista para o estuário do Tejo, onde se encontravam centenas de flamingos, Nuno Canta explicou que o novo aeroporto está pensado para, “pelo menos, 50 anos” e que não será ‘low cost’, mas sim “ponto-a-ponto, entre as cidades europeias e a capital portuguesa”.

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Uma questão polémica em redor do novo aeroporto são os impactos ambientais que esta infraestrutura poderá causar no Montijo e concelhos envolventes, nomeadamente quanto ao aumento de ruído, ao perigo para as aves e ao risco de colisão com as mesmas.

Para o autarca a resposta é simples: “os riscos são questões que têm que ser acautelados, minimizados e até, no fundo, debelados”.

Além disso, considera que o risco com as aves na aviação “é uma questão muito comum”, que também acontece em Lisboa e que apenas é colocado em discussão “para alarmar as pessoas”.

Também junto ao rio Tejo, mas com vista para Lisboa, o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto (PS), mostrou à Lusa que apoia a construção desta infraestrutura no Montijo, até porque “é o possível de momento para curar a ferida existente no aeroporto Humberto Delgado”.

Contudo, revelou que, a seu ver, a solução ideal seria a construção de uma cidade aeroportuária.

“Esta solução aeroportuária não é uma solução para remediar, é uma solução que terá um princípio, meio e fim de vida, mas até lá encontraremos soluções e capacidade financeira para construirmos aquilo que eu gostaria de ver construído, que era de facto uma cidade aeroportuária, com condições e características diferenciadoras daquilo que eventualmente possa vir a ser integrado aqui na Base Aérea n.º 6”, comentou.

Para Fernando Pinto, o novo aeroporto será uma alavanca para o desenvolvimento da região e trará, sobretudo, mais empregabilidade e vai dinamizar a economia local, “que são aspetos da sustentabilidade de um concelho francamente positivos”.

Em oposição a estes dois municípios, o da Moita tem-se manifestado contra o novo aeroporto no Montijo, defendendo a alternativa Campo de Tiro de Alcochete, que se situa entre o Montijo e Benavente, em Santarém.

“Tenho defendido a posição de que a Base Aérea no Montijo não é a melhor opção. Não é seguramente do ponto de vista dos interesses nacionais porque precisamos de um aeroporto que dê resposta às necessidades do país durante décadas e esta solução não tem duração temporal para isso”, referiu o autarca e presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal, Rui Garcia (CDU).

Para o responsável, a opção Montijo terá “consequências pesadas do ponto de vista ambiental” para a Moita e, sobretudo, para a zona da Baixa da Banheira, que se encontra próxima de uma das pistas.

“Vamos estar sobre os canais de voo, portanto de aproximação à aterragem do aeroporto, com as consequências que isso tem do ponto de vista da elevação dos níveis de ruído e do acréscimo de risco”, sublinhou.

O Campo de Tiro de Alcochete seria, assim, para Rui Garcia, “a melhor opção” pelas condições de construção, por não ter zona habitacional próxima e pelas possibilidades de crescimento.

Com a Baía do Seixal como fundo, o presidente deste município, Joaquim Santos (CDU), demonstrou uma posição semelhante à da autarquia da Moita.

“De facto, há oito anos estudaram várias opções, entre as quais o Montijo, e concluíram que a melhor opção das sete estudadas era Alcochete. Essa é a nossa posição. O que pensamos é que vão investir mil milhões de euros que se podia perfeitamente fazer num local com futuro. Investir mil milhões de euros no Montijo é investir num aeroporto que está com um prazo anunciado de 10 ou 15 anos”, defendeu.

Joaquim Santos reconheceu que haverá impactos positivos com a construção do aeroporto no Montijo, porém, considerou que “seriam ampliados se fosse em Alcochete”.