Duas estruturas sindicais de enfermeiros entregaram um pré-aviso de greve, de 22 de novembro a 31 de dezembro, na sequência da iniciativa promovida por um movimento para recolher fundos destinados a financiar a paralisação.

A greve abrange o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Centro Hospitalar Universitário de São João (Porto e Valongo), o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário do Porto e o Centro Hospitalar de Setúbal, disse hoje à agência Lusa Lúcia Leite, da Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros, uma das estruturas que convocou a greve.

A greve surge na sequência da iniciativa lançada por um grupo de enfermeiros para recolher fundos destinados a financiar a paralisação.

Até às 22h00 desta sexta-feira tinham sido angariados 308.000 euros, disse à Lusa Catarina Barbosa, que integra o movimento.

De acordo com a mesma fonte, os donativos são, sobretudo, de enfermeiros, mas também há médicos, anestesistas e outros profissionais a contribuir, além de amigos e familiares.

A greve é também convocada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal.

Ainda não foi decidido se a recolha de fundos, iniciada em 15 de outubro, termina na segunda-feira conforme estava previsto. Para esse dia, foi agendada uma conferência de imprensa, em Lisboa, na sede da União Geral de Trabalhadores (UGT), de acordo com Catarina Barbosa.

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Lúcia Leite explicou que o objetivo é parar, sobretudo, a cirurgia programada, embora todos os enfermeiros possam participar na greve.

A iniciativa partiu de um grupo de enfermeiros, mas para a convocação de uma greve é necessária a intervenção sindical, com a entrega formal de um pré-aviso.

Os enfermeiros pretendem ver aprovada uma carreira com três categorias e um conjunto de princípios que já entregaram ao governo. Em causa está também o descongelamento da carreira e a forma como cada instituição está a gerir o processo.

“Cada instituição está a fazer o descongelamento a seu bel-prazer. Uma grande maioria ainda não está a pagar nada”, referiu a dirigente sindical.

O grupo promotor da iniciativa alega que os enfermeiros “não têm carreira digna”, não progridem “há mais de 13 anos” e têm vencimentos baixos para licenciados.

Na quinta-feira, as duas estruturas sindicais que agora entregaram o pré-aviso de greve tinham desconvocado uma paralisação nos principais blocos cirúrgicos dos hospitais públicos, convocada para de 8 de novembro a 31 de dezembro.

A convocação da greve tinha, contudo, gerado dúvidas, com fonte do setor a alertar esta semana que o pré-aviso publicado a 24 de outubro não cumpria os dez dias úteis previstos no Código do Trabalho (de 25 de outubro até 7 de novembro decorrem apenas nove dias úteis).