Se o logótipo gigante da Web Summit que está no palco não denunciasse o contexto, rapidamente teríamos confundido o momento da entrada de Marcelo Rebelo de Sousa em palco com um qualquer comício presidencial norte-americano. Entrou, ergueu os braços e automaticamente a plateia levantou-se para aplaudir a sua chegada. O Presidente da República agradeceu, devolvendo aplausos na direção do público. O momento durou alguns segundos e foi interrompido apenas pelo início da intervenção – em inglês, alargando o leque de similaridades com os comícios do outro lado do Atlântico.

“Cá estamos nós quase a dizer adeus. Deixem-me lembrar-vos dos três desafios que vos tinha deixado no ano passado”, começou por dizer. “O primeiro foi manter a Web Summit em Lisboa: conseguimo-lo, graças ao presidente da Câmara de Lisboa, ao Paddy  e a todos vós”. Aplausos. “O segundo era continuar a revolução digital: vocês fizeram-no, obrigado”. Mais aplausos. “E a terceira era fazer com que mais pessoas estivessem conscientes de que as alterações climáticas são reais, não são fake news: também conseguimos isso“. Uma ovação, impulsionada por uma indireta enviada a Donald Trump. O discurso era sobre a Web Summit, mas Marcelo Rebelo de Sousa não quis deixar a política à porta do Altice Arena.

[Veja no vídeo os três desafios que Marcelo estabeleceu para a revolução digital]

Mas o tema era a tecnologia e o tempo era escasso, por isso a deriva foi curta. “A digitalização é sobre liberdade, diálogo, tolerância e sociedades abertas: Vamos usar a revolução digital para o diálogo, para a paz. É difícil, porque esta onda que está a atravessar o mundo anda no sentido contrário ao da revolução digital, mas temos de lutar por esses princípios”, recomendou. “Essa é a mensagem. Levem-na para o resto do mundo. Não deixem as vossas mensagens só para vocês. Ajudem a criar um mundo melhor“, acrescentou antes da despedida.

No fim, e após uma intervenção de cinco minutos em que esteve constantemente a andar de um lado para o outro do palco, Marcelo Rebelo de Sousa tinha conquistado uma plateia que, na verdade, estava disponível para o ser desde o primeiro minuto. À semelhança do que aconteceu nos dois anos anteriores, com um discurso eficaz mais do que galvanizante, o Presidente da República saiu novamente ovacionado, com uma plateia de pé, rendida. De braços no ar, como uma verdadeira rockstar no fim de um concerto épico, fechou esta edição da Web Summit com chave de ouro.

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