A Ação Democrática Independente (ADI), vencedora das eleições legislativas de São Tomé e Príncipe, vai indicar o ex-governante João Álvaro Santiago para chefiar um executivo, anunciou esta quarta-feira à Lusa o presidente do partido.

“O ADI vai levar esse nome ainda hoje [quarta-feira, 28] ao Presidente da República”, indicou Patrice Trovoada, presidente do partido e chefe do Governo cessante.

Segundo Patrice Trovoada, o nome de João Álvaro Santiago foi escolhido esta terça-feira, numa reunião da comissão política da ADI, presidida pelo secretário-geral do partido, Levy Nazaré.

Álvaro Santiago faz parte da comissão política da ADI, foi ministro da Educação em governos anteriores e ocupou o cargo de vice-governador do Banco Central.

A decisão do partido surge depois de o nome indicado anteriormente — Olinto Daio, ministro da Educação, Cultura, Ciências e Comunicação do executivo cessante da ADI – ter declinado o convite para chefiar um eventual próximo executivo, após ter sido indicado, no início do mês, pela direção do partido para esta função.

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O Presidente da República, Evaristo Carvalho, ouviu os partidos com assento parlamentar entre sexta-feira e sábado passados, a quem indicou que esta semana indigitaria o próximo primeiro-ministro, apesar de não revelar de que partido.

A ADI venceu as eleições legislativas de 7 de outubro, com maioria simples — 25 em 55 deputados da Assembleia Nacional, enquanto o segundo partido mais votado foi o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), que conquistou 23 mandatos, seguido da coligação PCD-UDD-MDFM, com cinco assentos parlamentares.

Estas duas forças da oposição assinaram um acordo pós-eleitoral com incidência parlamentar e com fins governativos, reclamando ter maioria absoluta (28 deputados) e garantindo assim sustentabilidade parlamentar para viabilizar um governo composto pelo que chamam de “nova maioria”.

Nas eleições foram ainda eleitos dois deputados independentes pelo distrito de Caué, no sul do país.

Na quinta-feira, os deputados à Assembleia Nacional foram empossados e elegeram Delfim Neves, vice-presidente do PCD, como presidente deste órgão.

Após as legislativas, o primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada, defendeu a necessidade de procurar acordos com outras forças políticas para formar um Governo de unidade nacional ou de base alargada, mas MLSTP e coligação recusaram dialogar com a ADI.

Trovoada anunciou, na altura, que não pretendia liderar um próximo executivo, considerando que o seu afastamento poderia facilitar o entendimento com outras forças políticas, mas afirmou que se manterá na presidência do partido até 2022.

MLSTP e coligação já garantiram que um Governo liderado pela ADI cairá no parlamento e pediram ao Presidente que “queime etapas”, indigitando um Governo composto por estas forças, mas Evaristo Carvalho recusou, no mês passado, ceder àquilo que classificou de “pressões”.

Já a ADI tem insistido que espera que o chefe de Estado são-tomense cumpra a Constituição, chamando o partido mais votado a formar Governo.