Os glaciares da Gronelândia caso derretam têm água suficiente para fazer subir o nível médio das águas em 23 pés, ou seja, em sete metros. A conclusão é de um estudo divulgado esta quinta-feira na revista científica Nature. 

Os glaciares da Gronelâdnia estão a derreter a uma velocidade sem precentes ao longo deste século e isso não é novidade. Ainda assim, um novo estudo revela que atualmente os glaciares estão a derreter a uma velocidade 50% superior quando comparados com os níveis industriais e cerca de 33% mais do que no século XX. 

Agora o que pretendemos demonstrar é que o degelo que já a acontecer atualmente na Gronelândia é realmente sem precedentes e fora das expetativas a longo prazo”, afirma Sarah Das em declarações à CNN, cientista do Woods Hole Oceanographic Institution e co-autora do estudo.

Para determinarem a rapidez com que o glaciares da Gronelândia estão a derreter os cientistas utilizaram um instrumento específico, um género de broca do tamanho de um poste de eletricidade para obter amostras do núcleo do glaciar. As amostras recolhidas foram retiradas de locais onde o nível médio das águas estava a mais de 6 mil pés acima do nível médio das águas.

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O estudo revela também que a perda de gelo neste local é causada principalmente pelo ar mais quente do verão e mesmo os pequenos aumentos da temperatura podem desencadear aumentos exponenciais na taxa de derretimento do gelo.

Da mesma foram que a atmosfera continua a aquecer, o degelo irá superar esse aumento e continuar a acelarar “, explica Luke Trusel, professor assistente na Rowan University e co-autor do estudo.

Segundo Trusel, o pensamento atual da comunidade científica é que existe um limiar de temperatura que pode desencadear um ponto sem retorno para o eventual derretimento das camadas de gelo da Gronelândia e da Antártida. E apesar de ainda não se saber ao certo, o ponto de inflexão da temperatura certo é que “quanto mais aquecemos, mais o gelo derrete”

Assim que as lâminas de gelo atinjam esses  esses pontos críticos, acrita-se que é um recuo irreversível e irão responder ao que fizemos durante séculos e milénios”, reitera Trusel.

A investigadora Sarah Das salienta ainda que, embora a ciência muitas vezes se concentre nos impactos futuros do aquecimento global, os resultados mostram que o clima está a passar por mudanças extremamente significativas. 

Na  24.ª conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima, no passado dia 2 de dezembro na Polónia, a representante da ONU para a Mudança do Clima, Patrícia Espinosa, já tinha alertado para os efeitos irreversíveis do aquecimento global e considerou que a comunidade internacional deve dar uma resposta urgente a este assunto.

Impactos das alterações climáticas “nunca foram tão graves”