Mais outro dia miserável em Wall Street, com nova acentuada desvalorização dos principais índices bolsistas, resultante dos receios dos investidores com a política monetária da Reserva Federal (Fed) e um eventual bloqueio orçamental em Washington.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o seletivo Dow Jones Industrial Average abandonou 1,99%, para terminar nos 22.859,60 pontos.

O tecnológico Nasdaq cedeu 1,63%, para as 6.528,41 unidades, tendo mesmo chegado a superar, durante a sessão, um limite psicológico, ao perder mais de 20% em relação ao máximo histórico que tinha estabelecido em agosto, antes de recuperar parte destas perdas.

Já o alargado S&P500 recuou 1,58%, para os 2.467,42 pontos.

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, julgou esta quinta-feira, em entrevista à estação televisiva Fox News, que a reação dos investidores era “exagerada” e que a Fed poderia decidir não elevar as suas taxas de juro durante o próximo ano, se a inflação se mantivesse fraca.

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“Estamos a afundar-nos num mercado deprimido, o Nasdaq já perdeu 20%, no que vai ser acompanhado em breve pelo S&P 500 (…). Isto não para”, considerou Peter Cardillo, da Spartan Capital Securities.

Os investidores mostraram-se nervosos desde o início da sessão, continuando a digerir a posição menos acomodatícia do que tinham antecipado da Fed, que aumentou as suas taxas de juro diretoras em um quarto de ponto percentual, no final da reunião de dois dias terminada na quarta-feira.

A instituição também reviu em baixa, de três para duas, as possíveis subidas de taxas de juro no próximo ano, bem como as suas antecipações de crescimento e da inflação da economia dos EUA para 2018 e 2019.

“O mercado bolsista acordou em uma nova ordem mundial que assombrava as suas noites há vários meses: uma em que o patrão do banco central não está necessariamente disponível para voar em seu socorro com palavras e atos de conforto”, traduziu Patrick O’Hare, da Briefing.

Os índices acentuaram as suas perdas durante a sessão, quando se soube que Donald Trump, depois de não ter conseguido o financiamento para o seu projeto de muro fronteiriço com o México, não iria assinar uma lei orçamental provisória que permitiria evitar a paralisia de uma parte dos serviços da administração federal, o designado ‘shutdown’.

“Temos uma guerra comercial (com a China), uma debilitação da economia e agora a possibilidade de um ‘shutdown’. Tudo isto cria um círculo vicioso”, estimou Cardillo.

Sinal da agitação envolvente, a volatilidade em Wall Street, medida pelo índice VIX, atingiu o valor mais elevado desde fevereiro.