Dezenas de novas propostas de humor, de talentos, de ficção, programas para a tarde e para a noite, telefilmes, documentários, alguns em pré-produção, outros já adiantados. Eduardo Madeira irá estrear-se em “Patrulha da Noite”, Catarina Furtado terá um programa com crianças, Tânia Ribas de Oliveira ocupará as tardes num registo “emocional” e a famosa série “Conta-me Como Foi” está de regresso.

As novidades foram divulgadas nesta quarta-feira de manhã pelo diretor de programas da RTP1, José Fragoso, durante um raro encontro com a imprensa na sede da RTP, em Lisboa. Os jornalistas foram convocados para um pequeno-almoço informal, com mais de uma hora e meia de duração, o que representou o primeiro momento daquilo que a RTP diz ser uma nova política de divulgação e de diálogo. Iniciativas idênticas se seguirão, informou a assessoria de imprensa. “A RTP tem uma gama de conteúdos muito larga e o foco vai normalmente para uma ou duas situações apenas e perde-se o rasto de outros programas importantes”, justificou José Fragoso.

Tardes e sextas à noite

O diretor confirmou que o programa da tarde “Agora Nós” vai mesmo terminar no fim de março e que os dois apresentadores, José Pedro Vasconcelos e Tânia Ribas de Oliveira (substituídos desde a semana passada por Vanessa Oliveira) terão cada um o seu programa, ambos em estreia na primeira semana de abril.

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Ela ficará nas tardes com um programa ainda sem título. “Nova cenografia e formato, mais emocional, mais virado para histórias de pessoas”, sem rubricas fixas e com segmentos gravados na rua ou feitos em direto. “Mas a ideia não é andarmos à procura de histórias miseráveis”, sublinhou José Fragoso. Tânia Ribas de Oliveira irá trabalhar com a mesma equipa do “Agora Nós”.

Já José Pedro Vasconcelos terá um “talk show” às sextas-feiras à noite, sem título definitivo, uma vezes gravado e outras em direto, com “muito humor, rubricas divertidíssimas, música e convidados” e exteriores em várias cidades do país. Os “talk shows” da noite “permitem alimentar o talento que existe e dirigem-se aos espectadores que não se reveem na ficção, nas novelas, nomeadamente os públicos mais novos”, comentou o diretor da RTP1.

“La Banda” para público juvenil

Um novo “talent show” juvenil, “La Banda”, irá substituir em abril “Famílias Frente a Frente”, aos domingos à noite. Trata-se de um formato criado nos EUA por Simon Cowell e aí produzido por Ricky Martin. Na versão portuguesa, a cargo da Fremantle, a apresentação é entregue a Sílvia Alberto. “O objetivo é encontrar uma banda de cinco pessoas, rapazes e raparigas”, disse o diretor de programas. Os jurados serão Carolina Deslandes, Miguel Cristovinho e Manuel Moura dos Santos.

Palmeirim, Filomena Cautela e Catarina Furtado

Vasco Palmeirim terá um programa de música e Filomena Cautela ficará com um formato novo, sem deixar o “5 Para a Meia-Noite”. Duas novidades ainda em segredo quanto ao conteúdo exato, em antena por volta de setembro.

Catarina Furtado, uma das caras mais famosas do canal, terá um programa com crianças, antes do verão, produzido pela Endemol, em que os miúdos dirigem empresas e tomam decisões de adultos. Ainda sobre Catarina Furtado, José Fragoso confirmou o regresso do “The Voice Portugal” em setembro ou outubro, e disse que a apresentadora, na qualidade de embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas, fará no último trimestre do ano uma nova temporada de “Príncipes do Nada”, com campos de refugiados em pano de fundo.

Telefilmes baseados em contos portugueses

Uma das novidades que surgirão nos ecrãs a partir de outubro são 13 telefilmes coproduzidos pela RTP, cada qual com um realizador diferente e guião baseado em contos portugueses clássicos e contemporâneos, de Fernando Pessoa (“Um Jantar Muito Original”) a Mário de Carvalho, de Alexandre Herculano a José Cardoso Pires (“Lavagante”).

Trata-se de um projeto apresentado à RTP pela produtora Marginal Filmes e envolve António-Pedro Vasconcelos, Cunha Telles, Leandro Ferreira, João Cayatte, Leandro Ferreira, José Carlos Oliveira, entre outros realizadores. José Fragoso não adiantou todos os detalhes, mas disse que os filmes terão 60 minutos e alguns reconstituem épocas. “Estamos na fase de escrita de guiões, serão sempre conteúdos de ‘prime-time’”, acrescentou.

Séries, documentários e longas

“Achámos que fazia sentido voltar, é uma marca muito forte da ficção da RTP”, justificou o responsável ao referir-se a “Conta-me Como Foi”. Desta vez, a série irá passar-se na década de 1980, com elenco idêntico ao da versão emitida há quase uma década. É um projeto da SP Televisão com gravações nos meses de verão e chegada à RTP1 no último trimestre do ano.

O diretor revelou ainda que estão a ser preparadas as séries “Auga Seca” (com a TV Galicia) e “A Espia”, oito episódios de Jorge Paixão da Costa, em provável parceria com a TVE. Falou também, por alto, de várias séries de ficção: uma sobre o grupo musical Doce, escrita por Patrícia Sequeira, outra inspirada no caso de prostituição que ficou conhecido como “Mães de Bragança”, outra de João Botelho, que adapta o romance de José Saramago “O Ano da Morte de Ricardo Reis“, e ainda “Terra Nova”, de Joaquim Leitão. A “Arte Elétrica em Portugal”, agora sobre música dos anos 1990, estará de volta em breve.

Ao nível de coproduções de longas-metragens de ficção, José Fragoso destacou “Variações”, de João Maia, sobre o cantor António Variações, “Snu”, de Patrícia Sequeira, sobre a relação do antigo primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro com a editora Snu Abecassis, e “A Herdade”, de Tiago Guedes, passado no Alentejo na década de 1970.

No domínio dos documentários televisivos, falou, por exemplo, de uma produção sobre o funcionamento do cérebro humano, outra acerca do teatro de revista e uma terceira, de Manuel Mozos, em torno da poetisa Sophia de Mello Beyner, que estará pronta no fim do verão.

Humor em breve

Dois novos programas de humor surgirão em breve. “Patrulha da Noite”, de Eduardo Madeira, que começa a ser gravado em abril, mas ainda não tem data de exibição; e “Zapping”, um projeto dos guionistas Henrique Dias, Frederico Pombares e Roberto Pereira, que também não se sabe quando irá para o ar.

O primeiro “sai do estúdio, é todo feito na rua, com quadros de bombeiros, polícias, salvadores de animais, situações de resgate, relacionadas com segurança”, contou o diretor. Mas é tudo ficção. Manuel Marques, Salvador Martinha e Gabriela Barros são alguns dos atores. Os textos têm assinatura de Eduardo Madeira, Filipe Homem Fonseca e Mário Botequilha. Nuno Markl fará uma aparição, em nome próprio.

Zapping” consiste em tirar partido do “contexto atual da televisão” e “criar no espectador a sensação de andar a saltar de canal em canal: um quizz, um programa de talentos, uma rubrica de culinária, uma novela, etc.” O elenco fixo é composto por Pedro Alves, Jorge Mourato, Rui Melo, Patrícia Tavares, Ana Guiomar e Márcia Breia.

“O que as pessoas fazem aqui na RTP é difícil de fazer noutros sítios”, sustentou José Fragoso. “Nos outros canais, é muito difícil, muitas vezes, fazer brilhar um determinado conteúdo. A RTP permite mais liberdade de ação, que o talento seja mais livre de se manifestar, sem a preocupação de estar sempre a fazer as mesmas coisas, nos mesmos registos”, disse José Fragoso, que assumiu o lugar em junho do ano passado e já teve responsabilidades de direção na SIC e na TVI.

Relativamente ao “Prós e Contras”, debate semanal conduzido pela jornalista Campos Ferreira, cujo destino esteve em dúvida há algumas semanas, “continuará em grelha seguramente nos próximos meses”. José Fragoso não quis pormenorizar porque se trata de um programa pertencente à direção de informação da RTP.