O desfile ocupou dois dos salões da embaixada portuguesa em Paris. Fátima Lopes, há 20 anos uma presença assídua na capital mundial da moda, apresentou a sua coleção para o outono-inverno 2019/20. O momento não foi apenas de antecipação da próxima estação fria. Enquanto decorre a semana da moda, este foi o 41º desfile da criadora portuguesa na cidade luz. “Começou em março de 1999, quando toda a gente dizia que era impossível. Teimosamente, vim e nunca mais parei”, afirma a designer, após o desfile desta terça-feira.

“Hoje, sinto que já faço parte disto. Há 20 anos, no primeiro desfile, estava tão nervosa que, na véspera, tive uma alergia na pele que nunca tinha tido na vida. Era algo que nunca ninguém tinha tentado. Quando saí da Madeira com o meu sonho de moda, na verdade, esse sonho era Lisboa. Quando cheguei a Lisboa, comecei a perceber que era possível ir mais além”, continua Fátima Lopes, em declarações ao Observador.

A criadora apresentou a coleção outono-inverno 2019/20 na embaixada portuguesa em Paris © imaxtree

A coleção, ou os 39 coordenados que lhe serviram de antevisão, denunciaram uma inspiração no país de origem. Portugal esteve presente nos jogos de preto e branco, símbolo da calçada portuguesa, no dourado dos sapatos, nos verdes e tons terra, bem como na escala de azuis que, obviamente, a criadora fez questão de remeter para o mar. A criadora destaca o lado mais vestível da coleção. Sem peças concebidas exclusivamente para a passerelle, a coleção inclui sobretudos, blusas, calças e uma dose generosa de vestidos, em que os decotes e recortes voltam a ser a marca de assinatura de Fátima Lopes. “Vim para Paris quando não havia nenhum orgulho nacional aqui, quando as pessoas não tinham orgulho em ser portuguesas. Mas eu sempre tive. Sempre fiz questão de escrever o meu nome com “s”, quando, no início, os franceses pensavam que era espanhola. Agora, já não é admiração nenhuma — Portugal está na moda”, recorda.

Após o desfile, a criadora relembrou Karl Lagerfeld, uma semana após a morte do diretor criativo da Chanel. “Identifico-me com essa visão. Ele viveu a moda até ao último dia. Quero viver até ao último dos meus dias a fazer isto. Não é um trabalho, é uma paixão”, conclui. O casting de manequins, maioritariamente composto por portuguesas, circulou pelos salões da embaixada, mesmo depois do final do desfile, ainda com as roupas. Fotografias, vídeos, brindes — a apresentação de Fátima Lopes em Paris, a 41ª, terminou em clima de festa. “O que vier daqui para a frente é bónus”, exclama a designer de 53 anos.

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