Quem a viu descer a passerelle na Semana da Moda de Paris pode ter feito confusão. Esta segunda-feira, Denise Ohnona — que se apresenta no Instagram como “a sósia n.º 1” de Kate Moss — desfilou para a coleção de outono/inverno 2024-2025 da criadora francesa Marine Serre. As parecenças são desconcertantes. “Ficaram sem orçamento?”, brinca o Daily Mail sobre a escolha “bizarra” de contratar a fotocópia da top model.

“É a Kate Moss na passerelle… ou não é?”, escreve a British Vogue num post na mesma rede social, onde pode ver-se Ohnona, de 43 anos, a desfilar. “A sósia da supermodelo confundiu momentaneamente o circuito da moda esta tarde, quando se juntou às modelos na passerelle.”

Quando, em dezembro, a Chanel apresentou o desfile Metiers d’Art 2023/2024 em Manchester, Ohnona foi fotografada a fazer compras num Aldi, saindo de seguida com um saco da cadeia de supermercados. Confusos, os fãs julgaram tratar-se de Kate Moss — e a confusão espalhou-se pela imprensa britânica. “Kate Moss avistada a fazer compras em Manchester antes do desfile da Chanel”, escreveu o The Economic Times. Mais tarde, Ohnona revelou que tudo não passou de um golpe publicitário.

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Na bio do Instagram, onde tem 63 mil seguidores, escreve que está disponível para “eventos, sessões fotográficas e publicidade”. O nome com que se apresenta nas redes sociais? I Am Not Kate Moss [“não sou a Kate Moss”, em tradução livre]. Além de recriar fotografias icónicas de Moss, Ohnona também copia o seu estilo à la rock star, com blusões de cabedal, botas pretas, skinny jeans e tops de alças.

Mãe de duas meninas, de 13 e 8 anos, Ohnona começou a trabalhar nas docas de Liverpool, emprego que já era o dos seus pais, depois de sofrer um acidente de carro, um choque com um autocarro que a expeliu pelo para-brisas, dando início a “20 anos de inferno”, como relatou ao The Sunday Times. “Na primeira vez que me vi num espelho, colapsei no chão, aos gritos.”

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Embora relate ter-se sentido “o patinho feio” em criança, aos 16 anos já era comparada com Kate Moss. Mas o acidente deixou-a com cicatrizes profundas, que lhe levaram perto de duas décadas e múltiplos procedimentos estéticos para recuperar, tanto física como mentalmente. “Pesava 34,9 quilos, tinha uma úlcera e puseram-me a tomar antidepressivos fortes. Tive um colapso mental”, desabafa ao mesmo jornal. Durante muitos anos, viveu para cuidar das filhas.

Quando começou a receber convites para aparecer eventos como sósia de Kate Moss, diz ter-se sentido “perplexa”. Em 2019, assinou por uma agência de duplos para desfilar para a Vetements em Paris, num desfile que juntou várias fotocópias de top models famosas. “Tudo o que conseguia ouvir eram pessoas a dizer ‘É a Kate?”, conta ao The Times.

Hoje, está mais habituada às comparações. Embora não saiba se gostaria de conhecer a top model — “tenho a minha própria vida e definitivamente não quero interferir com a dela” —, diz sentir-se grata a Moss.

“Sem ela, não sei se teria conseguido libertar-me de todas as coisas que me puxavam para trás depois do acidente”, explica ao The Times. “Tinha medo de voar, de viajar, do que as pessoas pensavam de mim. Tinha tanto medo da vida. Para mim, passar disso para poder voar sozinha, ser um exemplo para as minhas filhas e fazer todas as coisas que fiz — penso que preciso de agradecer a Kate Moss por isso. Genuinamente.”